Título: Mundo exalta liberdade
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 21/10/2011, Mundo, p. 16

Ainda não tinha sido confirmada a morte do ex-ditador líbio, Muamar Kadafi, quando as demonstrações internacionais de apoio e felicitações começaram a ser enviadas ao novo governo líbio. Os principais líderes internacionais mandaram mensagens de apoio, mas alertando para o difícil caminho que deve ser percorrido pela Líbia até a estabilização da democracia. Em discurso na Casa Branca, no fim da tarde, o presidente Barack Obama destacou que o desfecho da caçada significou o fim de "um longo e doloroso capítulo" para o país: "A escura sombra da tirania foi levantada".

Em Angola, onde estava em visita oficial, a presidente Dilma Rousseff adotou um tom conciliador e ponderou que a morte de nenhum adversário deve ser comemorada. "A Líbia está passando por um processo de transformação democrática. Agora, isso não significa que a gente comemore a morte de qualquer líder que seja", disse a governante brasileira.

Discurso parecido foi feito pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon: "O caminho à frente, para a Líbia e para o seu povo, será difícil e cheio de desafios. Agora é o momento de todos os líbios se unirem".

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, foi mais contido. Quando foi informado por assessores sobre a morte do ex-ditador, a quem tratava como um aliado e amigo até o início da rebelião, em fevereiro, limitou-se a dizer que "a guerra acabou". Segundo a imprensa italiana, em um encontro com líderes de seu partido, o premiê havia recorrido ao latim para comentar os acontecimentos. "Sic transit gloria mundi", disse. A frase significa "assim passa a glória do mundo".

O primeiro-ministro britânico, James Cameron, lembrou o atentado terrorista de 1988 contra um avião da companhia americana PanAm, na Escócia, pelo qual foram condenados agentes do regime líbio. "Hoje é um dia para recordar todas as vítimas do coronel Kadafi, incluindo as que morreram no atentado de Lockerbie, e as inúmeras pessoas que morreram nas mãos desse brutal ditador", declarou. Parentes de mortos no ataque ao Boeing da PanAm divulgaram comunicado sobre a morte do ex-ditador. "Embora hoje seja um grande dia para o povo líbio e para a luta universal pela liberdade, nosso trabalho não terminou. O agente condenado continua na Líbia e outros envolvidos não foram capturados", disseram.

Os cumprimentos à população do país africano também vieram do presidente da França, Nicolas Sarkozy, artífice da intervenção armada internacional em apoio à rebelião. "O desaparecimento de Muamar Kadafi é um grande passo na luta conduzida há mais de oito meses pelo povo líbio para livrar-se do regime ditatorial e violento imposto durante mais de 40 anos", declarou. Os presidentes da União Europeia, Herman van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, divulgaram comunicado conjunto. "(A morte de Kadafi) marca o fim de uma era de despotismo e repressão que se estendeu por tempo demais", diz o texto. "A Líbia pode virar uma página em sua história e empreender um novo futuro democrático."