Marta ataca o PT ao ser escolhida candidata

Sérgio Roxo

31/07/2016

 

 

Em convenção do PMDB de São Paulo, senadora afirma que país vive a mais grave crise de sua História

Ao ser homologada candidata a prefeita de São Paulo pelo PMDB, a senadora Marta Suplicy atacou ontem seu antigo partido, o PT, e a gestão do seu ex-colega de legenda Fernando Haddad.

Escola de samba. Marta Suplicy com o vice Andrea Matarazzo no lançamento da candidatura à prefeitura de SP

Para evitar problemas com os partidos da base no Congresso do governo Michel Temer — que têm outros candidatos na disputa paulistana —, nenhuma liderança nacional do PMDB compareceu ao evento. O único ministro presente foi Gilberto Kassab (Comunicações), presidente nacional do PSD, partido do vice da chapa Andrea Matarazzo. Antigo crítico da gestão Marta, Kassab ficou no meio da plateia e não chegou a discursar.

A candidata do PMDB foi prefeita de São Paulo pelo PT entre 2001 e 2004. Pela mesma legenda, disputou a reeleição em 2004 e foi derrotada por José Serra (PSDB). Em 2008, ainda como petista, concorreu novamente, mas perdeu para Kassab, que estava no DEM.

Em seu discurso, Marta explicou por que deixou o PT no ano passado:

— Eu saí quando constatei que o PT não reunia mais nenhuma condição de mudar os rumos que os seus dirigentes escolheram para o partido e para o país. Não são os partidos que mudam as pessoas, são pessoas que constroem partidos.

Numa tentativa de dar um caráter popular à candidatura, a convenção foi realizada em uma escola de samba da Zona Norte da cidade. Marta subiu ao palco sambando, elogiou o PMDB e, sem citar Temer, disse que sua nova legenda tem condições de tirar o país da crise deixada pela gestão da presidente afastada, Dilma Rousseff, de quem foi ministra da Cultura (entre 2012 e 2014):

— Eu vejo no PMDB o desejo de trilhar o caminho certo para recuperar a economia, restabelecer a confiança das pessoas no futuro do país e devolver a todos os brasileiros a esperança sequestrada por uma série de equívocos que mergulharam o Brasil na mais grave crise de sua História.

Ao criticar Haddad, Marta não citou nominalmente o petista, mas disse que o prefeito deve estar na rua e conhecer a cidade. Haddad é atacado por fazer poucas visitas a bairros da periferia:

— São Paulo precisa de gestão, precisa de gente que sabe fazer conta, que sabe pôr dinheiro onde tem que pôr. Tem que ter prioridade. São Paulo precisa de rua, de uma prefeita que conheça cada canto da sua cidade.

 

 

O globo, n. 30309, 31/07/2016. País, p. 5.