Erundina diz que PMDB de Marta é ‘o mais corrupto’

 
29/07/2016
Tonia Machado
Pedro Venceslau
Bruno Ribeiro

 

A deputada federal Luiza Erundina, candidata do PSOL à Prefeitura de São Paulo, disse ontem, em entrevista à Rádio Estadão e à TV Estadão, que sua adversária Marta Suplicy fez uma “opção infeliz” ao sair do PT para se filiar ao PMDB, “o partido mais corrupto”.

“Marta entrou na política e cresceu graças ao PT. A forma como ela tratou o partido que a acolheu... Saiu no momento mais trágico. A opção dela não se deu por questões éticas. Ela foi para o PMDB, o partido mais corrupto, mais envolvido na (Operação) Lava Jato. O partido dela não tem passado digno. A opção foi a mais infeliz”, afirmou a ex-prefeita de São Paulo.

Marta foi filiada ao PT durante 34 anos. Ano passado, se desligou da legenda para se acomodar no PMDB, partido pelo qual vai disputar o comando do Executivo municipal, em outubro.

 

Transporte. Em relação às promessas caso seja eleita, Erundina disse que vai zerar a tarifa de ônibus, além de criar passe livre durante os fins de semana em toda a cidade. Ela não especificou, porém, como financiaria a proposta, mas disse que vai fazer uma auditoria da dívida pública da cidade se vencer a eleição.

“É preciso socializar os custos do serviço essencial para a manutenção da cidade”, disse a ex-prefeita de São Paulo.

 

Imposto. Uma forma de arrecadação defendida pela candidata foi a cobrança de IPTU progressivo. A medida, baseada em aumento do imposto para imóveis de maior valor e redução da taxa para propriedades de menor preço, podendo chegar à isenção, já foi cogitada por ela durante sua gestão como prefeita de São Paulo, entre 1989 e 1992.

“Vamos fazer um apelo por uma alíquota diferenciada por valor de imóvel. A mansão do (João) Doria (candidato do PSDB à Prefeitura) é uma das dez mais valiosas do País. Não é justo que a mansão pague a mesma alíquota de uma residência de nível médio. A de nível baixo nós vamos isentar. É preciso fazer justiça fiscal e tributária para ter justiça social”, disse.

A candidata descartou, contudo, a possibilidade de privatizar alguns equipamentos públicos para ampliar a arrecadação do município. “Acredito na capacidade do Estado de administrar o patrimônio público. Privatizar não é a melhor forma de fortalecer o poder na cidade.” Segundo ela, “prefeitura não é uma empresa. “Pega mal essa proposta”, disse em crítica direta a Doria, que defendeu recentemente a concessão de faixas de ônibus à iniciativa privada.

A ex-prefeita classificou as ciclovias como uma das principais vitrines da gestão Fernando Haddad (PT) e disse que pretende apenas revê-las. Defendeu ainda a redução de velocidade nas vias, também implementada por Haddad.

 

COMPROMISSOS

● IPTU

“Vamos fazer um apelo por uma alíquota diferenciada por valor de imóvel. A mansão do (João) Doria (candidato do PSDB à Prefeitura) é uma das dez mais valiosas do País. Não é justo que a mansão pague a mesma alíquota de uma residência de nível médio. A de nível baixo nós vamos isentar”

 

● Transporte público

“Haverá tarifa zero no percurso entre bairros. Vamos fazer a experiência dentro de um mesmo bairro. Fizemos em Cidade Tiradentes. Nos finais de semana, o serviço (será) gratuito para usufruir o tempo livre”

 

● Dívida pública

“A causa das demandas reprimidas da cidade é a dívida pública. Queremos fazer auditoria da dívida pública e ver o que de fato o paulistano deve e o que é excesso e abuso de juros e encargos”

 

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Peemedebista afirma ter sido ‘traída’ pelo PT

 

29/07/2016
Gustavo Porto

 

A senadora e pré-candidata do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, afirmou ontem que, apesar de ter políticos investigados pela Justiça, não existe no PMDB um sistema de corrupção organizado como, na opinião dela, há no PT, sua antiga legenda.

“Senti-me traída (pelo PT). O PMDB tem gente investigada e não tem sistema de corrupção organizado como tem o PT”, disse a pré-candidata.

Questionada sobre um suposta esquema de corrupção envolvendo o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),- Marta retificou. “Da parte dele (Cunha), sim”, emendou a senadora sobre o ex-presidente da Câmara, réu no Supremo.

Para ela, não existe um grande partido sem investigados na Lava Jato. Afirmou ter tranquilidade de que não terá o nome citado na operação, mesmo tendo recebido doações de empresas alvo da força-tarefa para a campanha ao Senado, ainda pelo PT, em 2010.

“Não temo ser investigada.

Quem controlava as finanças e a comunicação do partido foi o partido e não eu. Temor zero”, resumiu a pré-candidata.

Mágoa. Ela criticou ainda o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo fato de ele ter apoiado a candidatura à reeleição da presidente afastada Dilma Rousseff, em 2014, e não ter saído como candidato. “Eu tinha clareza de que Dilma seria um desastre e que o Brasil seria uma Venezuela. Ele (Lula) desistiu de ser candidato, eu disse que seria erro crasso e que buscaria o meu caminho. Depois disso, nunca mais falei com ele”, afirmou a senadora.

A pré-candidata terá seu nome ratificado pelo PMDB para disputar a Prefeitura amanhã. / GUSTAVO PORTO

 

O Estado de São Paulo, n. 44845, 29/07/2016. Política, p. A7