Caixa tem R$ 3,8 bi para financiar imóvel de até R$ 750 mil

Murilo Rodrigues Alves

27/07/2016

 

 

Banco remanejou recursos que estavam previstos para unidades de outros valores e reforçou segmento voltado à classe média.

A Caixa reforçou em R$ 1,7 bilhão a linha de financiamento com recursos do FGTS para moradias com valor entre R$ 225 mil e R$ 500 mil, uma das mais vantajosas do mercado.

Ao todo, com recursos do fundo, o banco possui ainda R$ 3,8 bilhões para financiar imóveis de até R$ 750 mil.

Os recursos para a faixa de valor de imóveis de R$ 225 mil a R$ 500 mil tinham secado em abril, dois meses após a Caixa receber R$ 7 bilhões do FGTS. Foram contratados R$ 2,3 bilhões nessa faixa entre fevereiro e abril.

O banco, então, pediu autorização para usar livremente o dinheiro que sobrou e remanejar os recursos que estavam disponíveis para financiar imóveis de outros valores. Conseguiu R$ 1,7 bilhão para essa faixa, mas já atendeu as propostas que estavam tramitando e agora resta R$ 1,5 bilhão.

Nas outras faixas, o banco ainda tem R$ 1,8 bilhão para financiar imóveis de até R$ 225 mil e outros R$ 412 milhões para operações para a compra de moradias entre R$ 500 mil e R$ 750 mil, o teto do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) nas grandes metrópoles (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília).

A linha Pró-Cotista só pode ser acessada por trabalhadores com pelo menos três anos de vínculo com o FGTS. Além disso, eles precisam estar trabalhando ou ter saldo na conta do FGTS de pelo menos 10% do valor do imóvel.

A taxa de juros é de 8,66% ao ano, bem abaixo dos contratos firmados com recursos da poupança, que hoje custam ao mutuário 11,22% ao ano.

No início deste ano, o conselho curador do FGTS liberou R$ 21,7 bilhões para o mercado imobiliário justamente para compensar a escassez de recursos da poupança. No primeiro semestre de 2016, a caderneta perdeu R$ 42,6 bilhões, a maior fuga de recursos para o período em 22 anos.

O vice-presidente de Habitação da Caixa, Nelson Antônio de Souza, afirmou que o banco tem, ao todo, R$ 16 bilhões para desembolsar em financiamentos imobiliários neste segundo semestre tendo como fonte a poupança e outros R$ 38 bilhões com recursos do FGTS.

Em 2016, o banco pretende liberar R$ 93 bilhões no segmento habitacional.

Souza rebateu as críticas de que o banco teria privilegiado a alta renda nas novas condições.

“Não há trade off entre a habitação de mercado e a habitação social”, disse o executivo para reforçar que o banco não direcionou recursos de um segmento para o outro. Segundo ele, a Caixa colocou condições melhores para as duas pontas (construtoras e clientes) com o objetivo de diminuir o número de distratos (desistências de compras). “O enfoque da Caixa ainda continua sendo a habitação social, mas são fontes de recursos diferentes, e precisávamos nos posicionar nesse segmento”, afirmou.

Os financiamentos até R$ 750 mil – no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) – têm o FGTS como principal fonte de recursos. Já as operações para imóveis acima desse valor contam com um mix de recursos, sendo as captações da poupança o principal deles, mas também o próprio retorno da carteira de habitação do banco.

A Caixa é líder no crédito habitacional, responsável por duas de cada três operações fechadas.

 

Taxas

8,66% ao ano é a taxa de juros da linha Pró-Cotista, liberada para trabalhadores com três anos de FGTS

 

O QUE ESTÁ PREVISTO

Famílias

- Dobrou o teto de financiamento de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões

- A parcela do imóvel que pode ser financiada subiu de 70% para 80% no caso dos novos e de 60% para 70% nos usados

- Realocou recursos do FGTS para liberar R$ 3,8 bilhões para financiamento de até R$ 750 mil

Empresas

- Reabriu a linha Plano Empresário da Construção Civil, com incremento de mais R$ 10 bilhões - Passou a liberar o financiamento para obras com até 80% de execução (antes exigia que o empreendimento estivesse pronto)

Materiais de construção

- Quer reformular a linha para materiais de construção para baixar os juros e aumentar os desembolsos

- Estuda financiar inclusive os custos com a mão de obra, responsável pela metade do valor das reformas

- Vai dar “comissão” para os lojistas para estimular o uso do cartão Construcard.