Partidos querem trocar líder do governo

 

28/07/2016
Daiene Cardoso
Igor Gadelha

 

Alçado à líder do governo na Câmara por influência do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado André Moura (PSC-SE) pode perder o cargo na volta do recesso parlamentar. Partidos da base aliada começam a questionar a legitimidade de Moura e preveem que a inexperiência e a relação próxima com o peemedebista comprometerá sua permanência na função.

Logo após a eleição de Rodrigo Maia (DEM) para presidência da Câmara, PSB e PR iniciaram uma mobilização para a substituição do líder. Entre as alegações está o fato de Moura ser filiado a um partido pequeno (o PSC tem 8 deputados), não inspirar confiança na “tropa” e de que terá sempre o espectro de Cunha sobre ele.

Também pesa contra Moura a atuação na votação do regime de urgência do projeto da renegociação da dívida dos Estados com a União. Na primeira votação, o governo teve apenas 253 votos quando precisava de mais quatro para aprovar o requerimento de urgência para votação da proposta. Moura e o presidente da sessão, o deputado Fernando Giacobo (PR-PR), foram acusados de encerrar a votação antes da hora, quando deputados ainda se deslocavam para votar, e assim colaborar para derrotar o governo.

Além de PR e PSB, uma ala do PMDB defende a mudança. O incômodo da bancada peemedebista com Moura vem desde quando o Centrão colocou e divulgou, sem consulta prévia, o nome de parlamentares da sigla na lista de cerca de 300 apoiadores da indicação do deputado do PSC a Temer.

 

Despreocupado. André Moura disse desconhecer a articulação de bastidor de deputados desses partidos para derrubá-lo da liderança do governo. “Não ouvi nem tenho preocupação. Se existir, são atos de alguns que não aceitam, e não é de agora, a minha escolha”, afirmou o líder, sem dar nomes.

Moura destacou que o presidente em exercício, Michel Temer, sinalizou que está satisfeito com seu trabalho e que, por isso, não se preocupa com pressões. Interlocutores de Temer reconhecem que tem crescido a pressão, mas ponderam que o presidente em exercício tende a se afastar das negociações. /COLABORARAM CARLA ARAÚJO e TÂNIA MONTEIRO

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Temer defende reforma, afirma senador tucano

 

28/07/2016

 

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou ontem que recebeu apoio do presidente em exercício Michel Temer para dar agilidade às suas propostas de reforma política em visita ao peemedebista. “Vim dar ciência ao presidente e vamos centrar esforços no fim das coligações proporcionais, que precisa ser enfrentado, e no restabelecimento da cláusula de barreira”, disse. Uma das propostas da emenda constitucional do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) prevê uma adoção gradual da cláusula de barreira.

“Ele disse que terá todo o empenho e marcamos uma nova conversa. Ele sabe que é um tema do Congresso, mas tem toda disposição em participar das discussões e envolver o seu partido”, afirmou. /C.A.

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Cunha faz churrasco de despedida

 

28/07/2016
Erich Decat

 

A dez dias do fim do prazo para deixar a residência oficial da presidência da Câmara, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) promoveu ontem um churrasco de despedida para cerca de 50 funcionários da Casa. Surpreendido por jornalistas e fotógrafos nas redondezas da casa, Cunha recorreu ao Twitter para falar do evento. Segundo a assessoria do deputado, a confraternização foi paga com recursos próprios do deputado afastado. O valor não foi revelado.

Entre os convidados estavam agentes do departamento de Polícia Legislativa, responsáveis por acompanhar o peemedebista e familiares nos últimos meses. O convite para o almoço foi repassado na véspera por meio de mensagens de celular.

Além de Cunha, que não dispensou a camisa social e a gravata para receber os servidores, a recepção contou com a presença de sua mulher, Cláudia Cruz. Segundo relatos, ambos foram receptivos, cordiais, mas pouco falaram. O evento foi embalado por músicas sertanejas cantadas por Loren Lopes acompanhada do som de violão. No repertório, sucessos da dupla Maiara e Maraisa.

O prazo final para o peemedebista deixar a residência expira no dia 7, um mês após sua renúncia ao comando da Casa. Ele deverá se mudar para um apartamento funcional.

 

O Estado de São Paulo, n. 44844, 28/07/2016. Política, p. A8