PSDB negocia com PMDB sucessão na Câmara

Erich Decat e Daiene Cardoso

01/07/2016

 

 

Em disputa com o Centrão (PP, PSD, PR e PTB) pelo comando da Câmara, integrantes da cúpula do PSDB passaram a defender maior aproximação de seus deputados com a bancada do PMDB. A ideia é construir um acordo para a sucessão do presidente afastado da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que valha tanto para um possível mandato tampão como para o biênio 2017-2018.

Os dois partidos contam com uma bancada de 107 deputados, mas com potencial de chegar a mais de 140 com a participação do DEM e PPS. Ontem, integrantes dos três partidos vieram a público “rechaçar” a realização de um acordo para indicar um deputado ligado a Cunha, para um eventual mandato tampão.

Com um aliado no comando da Casa, Cunha considera que poderá se livrar da cassação.

“Não vi nenhuma liderança do DEM, do PSDB, do PPS defender algo nesse sentido. Não há essa hipótese”, ressaltou o vice-presidente do DEM, deputado José Carlos Aleluia (BA).

Racha. Um possível racha dentro do Centrão na disputa pelo comando da Casa também tem sido acompanhado de perto pela cúpula do PSDB. Uma reunião para afinar a estratégia dos partidos da antiga oposição deve ocorrer na próxima semana.

A ideia é também ratificar o distanciamento de Cunha, que passou a ser visto como um problema pela cúpula do Planalto.

O aprofundamento do mal-estar com a permanência do deputado no cargo foi externado ontem pelo líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-CE). Ele defendeu que, seja pela cassação do mandato ou pela renúncia, a instabilidade política na Casa não pode mais perdurar. “Tenho certeza que passou da hora de encontrar a solução para o problema.

Isso está prejudicando o País.

Não temos mais alternativa”, disse Moura. As declarações do líder ocorreram apenas quatro dias depois de Cunha se encontrar com o presidente em exercício Michel Temer, no Palácio do Jaburu.

O primeiro-secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), também reforçou ontem o discurso de que a permanência de Cunha pode ter reflexos na governabilidade. “É importantíssimo que a gente dê um basta nisso.”