Sede do PT na capital é alvo de ataques

Valmar Hupsel Filho

01/07/2016

 

 

Comerciário foi detido pela manhã por quebrar porta de vidro do prédio; liberado, voltou ao local e atirou um artefato explosivo na recepção.

A sede do diretório nacional do PT, no centro de São Paulo, foi alvo ontem de dois ataques cometidos pelo mesmo agressor em um intervalo de 14 horas. O primeiro foi na madrugada, quando o comerciário Emilson Chaves da Silva, de 38 anos, foi conduzido à delegacia após quebrar a porta de vidro do prédio a golpes de pé de cabra. Liberado após assinar um termo circunstanciado, ele retornou à tarde ao local e atirou um coquetel molotov na recepção, onde havia cerca de 10 pessoas. O artefato não explodiu.

“Era uma lata de solvente com capacidade de atingir fortemente essa sala, com certeza.

Por sorte ele não conseguiu acender o estopim”, disse o perito criminal Ricardo Luís Lopes, responsável pela perícia no local.

Segundo ele, além do coquetel molotov, foram encontrados um cigarro parcialmente queimado e uma faca no local.

Além do susto, os ataques causaram indignação entre funcionários e filiados do partido porque o agressor, após ser liberado pela polícia, publicou no início da manhã em seu perfil no Facebook um post assumindo a culpa e afirmando que ia “atacar de novo”. Emilson só foi preso após o segundo atentado.

No boletim de ocorrência da primeira agressão, Emilson disse que o partido estava lhe perseguindo “e fazendo muito mal para o País, pois queria tirar sua moradia”. Enquanto golpeava o vidro, Emilson afirmou que “mataria todos os petistas”, conforme foi registrado no boletim.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública disse que Emilson foi liberado após a primeira agressão “por falta de representante do imóvel, conforme prevê a legislação em casos de menor potencial ofensivo”.

“Pode ter sido um desequilibrado? Pode. Mas por que ele não foi a outro lugar e veio para cá?”, disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão, lembrando que diretórios do partido e a sede do Instituto Lula já foram alvo de outros ataques.

Falcão, que passou pela recepção momentos antes do arremesso do coquetel molotov, leu uma carta na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que não se pode admitir que diferenças políticas se transformem em violência. “Nenhuma bomba, pé de cabra ou agressão vai tirar nossa determinação de lutar por um Brasil mais justo para todos”, diz o texto.

Emilson foi filiado por três anos ao PSOL, por onde tentou ser candidato em 2012 e 2014, ano que pediu desfiliação. O tesoureiro da legenda, José Ibiapino, disse que “havia incompatibilidade ideológica”. “Apesar de ter divergências ideológicas com o PT, o PSOL rechaça qualquer atitude violenta”, disse.