Título: G-20 pressiona Europa
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Fonte: Correio Braziliense, 15/10/2011, Economia, p. 14
As principais economias do mundo, em especial os Estados Unidos, aumentaram ontem a pressão e exigiram que a Europa se empenhe em resolver a crise provocada pelos países endividados na Zona do Euro, como Grécia, Itália, Portugal e Espanha. Nas discussões finais da reunião dos líderes do G-20 (grupo formado pelas 19 economias do mundo mais a União Europeia), em Paris, os ministros das Finanças e os chefes dos bancos centrais discutiram a gravidade do problema e demonstraram a preocupação em impedir que uma avalanche desabe sobre a economia mundial nos próximos dias.
A expectativa dos líderes é que, na cúpula de 23 de outubro, em Bruxelas, a Zona do Euro conclua um plano confiável de ação. Eles querem garantias da solvência da dívida grega, por meio de medidas como o aumento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef) para 440 bilhões de euros, valor considerado ainda insuficiente. A Alemanha e a França se comprometeram a elaborar uma estratégia para deter a contaminação da crise. “Ouvimos dos nossos colegas da Eurozona sobre as ações nas quais estão trabalhando. Existe uma enorme quantidade de pressão sobre eles para que apresentem uma solução para a crise”, disse o ministro das Finanças britânico, George Osborne.
Estratégia O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, se mostrou confiante com os últimos movimentos da União Europeia para adotar uma estratégia e atacar a crise, principalmente um plano de capitalização dos bancos europeus. “Eles claramente têm mais trabalho a fazer na estratégia e nos detalhes, mas quando França e Alemanha trabalham juntas e decidem agir, grandes coisas são possíveis”, ressaltou.
O ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, afirmou que os países emergentes já começaram a ser afetados pela crise da Europa, como demonstra a desaceleração na China e na Coreia do Sul. A seu ver, esse abalo ainda não foi sentido no Brasil. “Mas, em algum momento, o Brasil poderá ser afetado”, reconheceu. Durante a reunião, o Brasil propôs o reforço do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que ele seja usado no socorro aos países europeus. Mas Estados Unidos e Alemanha já haviam demonstrado, na sexta-feira, resistência em recorrer ao organismo multilateral de crédito, que precisaria de uma injeção de US$ 350 bilhões.
FIASCO EM SÃO PAULO Enquanto o mundo inteiro se mobilizou no 15 de outubro, em São Paulo, os manifestantes foram intimidados pela chuva. Em protestos por uma democracia de fato e pelo fim da ganância corporativa, apenas 70 pessoas se reuniram no fim da manhã no Largo São Bento. Uma outra concentração era esperada para a noite de ontem, quando cerca de 200 pessoas pretendiam acampar no Vale do Anhangabaú. Apesar da baixa adesão, os integrantes do movimento avaliaram a iniciativa como um primeiro passo e afirmaram que ele deve se intensificar ao longo do tempo.