Afastado, Cunha terá apartamento funcional

Daiene Cardoso

22/07/2016

 

 

Ex-presidente da Casa pediu para ocupar imóvel novo, o que foi recusado pelo responsável pelas moradias de deputados.

Com a votação da cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prevista para ocorrer após o recesso parlamentar, a Câmara concedeu um último pedido ao peemedebista. A direção da Casa autorizou ontem que Cunha ocupe um apartamento funcional, em Brasília, mesmo não exercendo atividades parlamentares desde 5 de maio, quando foi suspenso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

Cunha tem até 6 de agosto para deixar a residência oficial, mas já está preparado para desocupar o local, o que pode ocorrer hoje. O imóvel ficará agora com o novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), eleito na semana passada.

O quarto-secretário da Mesa Diretora, deputado Alex Canziani (PTB-PR), que é responsável pela administração da moradia dos parlamentares, disse ao Estado que Cunha não só recusou o auxílio-moradia para se hospedar em hotel, o que muitos parlamentares fazem, como pediu para ocupar um dos apartamentos reformados recentemente e localizados na região central da capital federal. “Ele queria um apartamento novo, mas não tem. Há fila para apartamento novo”, afirmou Canziani.

Antigo. Enquanto tiver mandato, o peemedebista terá de viver em um apartamento antigo. Aliados de Cunha disseram que ele não se importou em ficar em um imóvel velho porque não gostaria de correr o risco de ser vizinho de adversários políticos, entre eles o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

O ato da Mesa Diretora assinado ontem revoga o documento anterior que tratava das prerrogativas do então presidente afastado da Casa. Na ocasião, foi preparada uma regulamentação que dava ao peemedebista os mesmos benefícios oferecidos à presidente afastada Dilma Rousseff. A nova decisão valerá para todos os parlamentares que se encontrarem futuramente na situação atípica de Cunha: com mandato, mas suspenso por decisão judicial.

“A gente apenas excluiu daquela resolução anterior as prerrogativas da presidência. Acho que ele (o ato) é correto, ele (Cunha) tem mandato. Enquanto ele for deputado, a resolução é correta”, afirmou Maia.

Ao renunciar à presidência, Cunha já havia perdido o direito a segurança da Polícia Legislativa, carro oficial da presidência e uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). O peemedebista tem usado um jatinho particular para se deslocar ao Rio de Janeiro. Cunha também continuará sem receber a cota de atividade parlamentar de R$ 35.759,20 por não estar exercendo o mandato.

A permanência de Cunha na residência oficial estava incomodando a cúpula da Casa.

Sem poder usar o espaço, Maia tem feito reuniões no gabinete ou em apartamentos cedidos por colegas. “É muito importante que ele deixe a casa até porque ela não é simplesmente uma moradia do presidente da Câmara, é uma casa de encontro com líderes e autoridades”, afirmou o primeiro-secretário, Beto Mansur (PRB-SP).

Moradia

“Ele (Cunha) queria um apartamento novo, mas não tem. Há fila para apartamento novo.”

Alex Canziani (PTB-PR)

DEPUTADO E QUARTO-SECRETÁRIO DA MESA DIRETORA DA CÂMARA