Título: Popularização só com tempo
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 15/10/2011, Economia, p. 17

De olho no avanço das tevês conectadas, o governo estabeleceu que todos os modelos de televisores que disponibilizarem suporte IP (internet) deverão implementar também o sistema aberto Ginga — e não poderão restringir o acesso das aplicações baseadas nessa plataforma. Mas a popularização não será algo simples. Edmundo Oliveira, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), compara o avanço da interatividade na tevê digital com o início da propagação dos smartphones. “É preciso haver escala suficiente para que as empresas sintam confiança em investir”, defende.

Opinião semelhante tem David Brito, diretor de tecnologia da Totvs. “O mercado não pega fogo sozinho. É preciso um empurrãozinho”, admite. Ainda assim, a Brasscom é favorável à inclusão do Ginga no programa de benefícios fiscais do governo, por meio do Processo Produtivo Básico (PPB) como um estímulo à popularização da interatividade. “Estamos atrasados, passando do ponto. As emissoras já estão preparadas e o custo dos investimentos não é impeditivo. O que falta é as tevês interativas chegarem às casas das pessoas”, declara.

Hideraldo Dwight, gerente-geral da Unidade Gestão de Canais do Banco do Brasil, argumenta que o lançamento do aplicativo para tevês abre um novo leque de serviços de valor agregado voltado à comodidade dos clientes. “A tevê é o mais disseminado veículo de transmissão de conteúdo, e, agora, está se tornando um centro interativo e de realização de serviços”, diz. Para Roberto Franco, presidente do Fórum Brasileiro do Sistema de TV Digital, a tecnologia por si só é suficientemente atrativa para o desenvolvimento de aplicativos e produtos interativos. “Incentivos são bem-vindos, mas independentemente do que se faça, a popularização do serviço é uma questão de tempo”, diz. (GHB)