Matarazzo já admite ser vice de Marta

 
25/07/2016
Pedro Venceslau
Igor Giannasi

 

Na entrevista que estreou a série do Estado com os précandidatos à Prefeitura de São Paulo, o vereador Andrea Matarazzo (PSD) admitiu ontem, pela primeira vez, que pode abrir mão da disputa e integrar a chapa liderada pela senadora Marta Suplicy (PMDB).

“Meu projeto é ser candidato a prefeito de São Paulo, mas o processo político é dinâmico. Sou filiado ao partido. Se ele estiver negociando alguma composição, vamos avaliar”, afirmou Matarazzo, ao ser questionado se aceitaria ser vice da senadora.

Desde que deixou o PSDB, em março deste ano, após as prévias tucanas que foram vencidas pelo empresário João Doria, Matarazzo sempre negou que pudesse se aliar a Marta – que foi adversária dos tucanos quando era prefeita pelo PT.

Em entrevistas à Rádio Estadão e à TV Estadão, porém, ele evitou criticar a senadora peemedebista e chegou a elogiá-la. “Sou crítico ao PT desde a fundação, mas a Marta tinha bons projetos. O que ela não tinha era equipe, que era do PT.”

Matarazzo disse que é “natural” que as presidências e direções partidárias conversem. “Vamos aguardar. Mas é natural que o ministro (Gilberto) Kassab (presidente do PSD) e o (Michel) Temer (presidente em exercício) tenham essa conversa.”

‘Teatro’. Ao avaliar sua saída do PSDB após 25 anos no partido, Matarazzo disse que não foi derrotado nas prévias da legenda, mas “roubado” e “fraudado”. “Não vou legitimar a fraude. O partido usou métodos que o PT usava em Brasília, com o loteamento (de cargos) e abuso do poder econômico. Era mais fácil terem me dito: ‘Não quermos você’. Fizeram um teatro desnecessário”, criticou.

Durante a disputa interna no PSDB pela vaga de candidato a prefeito de São Paulo, Doria foi apoiado pelo governador Geraldo Alckmin, enquanto Matarazzo teve ao seu lado quadros históricos tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador Alberto Goldman, o chanceler José Serra e o senador Aloysio Nunes.

No segundo turno das prévias tucanas, o vereador retirou seu nome. Em seguida, Goldman, que integra a Executiva nacional do PSDB, e o hoje senador José Aníbal denunciaram Doria no Ministério Público Eleitoral de São Paulo por compra de votos e abuso de poder econômico. O empresário nega as acusações.

Sobre a saída do partido, Matarazzo disse que estava “desiludido” e que houve grande “prejuízo emocional”. Afirmou, no entanto, que espera obter votos de sua antiga legenda. “Amigo você não cobra, mas tucanos vão votar em mim.”

‘Ameaças’. Segundo o précandidato do PSD à Prefeitura de São Paulo, parte do PSDB tem “ameaçado as pessoas” que o apoiam com a retirada do emprego e expulsão do partido. “Os vereadores são obrigados a assinar um termo de fidelidade”, afirmou Matarazzo.

A convenção do PSD está marcada para o próximo sábado, na sede nacional do partido na capital paulista.

 

COMPROMISSOS

Saúde

“Fazer o sistema funcionar, por exemplo, com prontuário eletrônico. Em uma UPS, o certo é você poder marcar uma consulta pelo telefone ou pelo computador.”

 

Creches

“Menos construção de creches próprias e mais convênio com ONGs e entidades locais.”

 

Táxi e Uber

“Tem que modernizar a legislação do táxi e regulamentar, equiparadamente, o Uber. Ambos tem que ter condições de igualdade de competição.”

 

Moradores de rua

“Fazer hotéis sociais para abrigá- los e centros de referência para voltar ao convívio social.”

 

PSC

O deputado Pastor Marco Feliciano (PSC) desistiu ontem de disputar a Prefeitura de São Paulo. O PSC deve apoiar o deputado Celso Russomanno, pré-candidato do PRB.

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Temer e Kassab atuam por aliança

 

25/07/2016
Pedro Venceslau
Valmar Hupsel Filho

 

O vereador Andrea Matarazzo (PSD) decidirá o seu futuro político nos próximos dias, mas amigos e aliados reconhecem que há uma grande pressão para que ele aceite ser o candidato a vice da senadora Marta Suplicy, do PMDB, à Prefeitura. Embora tenha ouvido reiteradas vezes do presidente do PSD, o ministro da Ciência e Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, que será candidato a prefeito se quiser, Matarazzo não recebeu garantias de que contaria com recursos do Fundo Partidário na empreitada.

Além disso, o padrinho político não se movimentou para atrair partidos para sua coligação, o que aumentaria o seu tempo de TV. Pelo contrário. Nos bastidores, foi deflagrada uma articulação que envolveu Kassab, o presidente em exercício Michel Temer e a senadora Marta Suplicy.

Líderes do PMDB e do PSD em São Paulo já conversaram em mais de uma oportunidade sobre a possibilidade de uma aliança. Nas conversas, é ponderado que os dois partidos estão “alinhados” com o mesmos propósitos no plano nacional e poderiam caminhar juntos na campanha pela prefeitura da maior cidade do País.

O convite direto a Matarazzo foi feito há duas semanas. Na ocasião, o vereador declinou da oferta e reafirmou sua intenção de ser candidato a prefeito, mas deixou uma porta aberta para uma possível aliança.

O vereador afirmou que, se entrar na disputa, PSD e PMDB “caminhariam juntos” na campanha. Essa composição ampliaria consideravelmente o tempo de TV de Marta Suplicy.

Uma eventual vitória da senadora em aliança com o PSD criaria um novo “polo” de poder em São Paulo, o que enfraqueceria o projeto presidencial do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Esse projeto interessa aos tucanos que romperam com o governador paulista nas prévias e por tabela fortalece uma potencial candidatura do chanceler José Serra ao Palácio do Planalto.

 

O Estado de São Paulo, n. 44839, 23/07/2016. Política, p. A5