Maranhão se despede e admite que cometeu erros

Julia Lindner e Valmar Hupsel Filho

14/07/2016

 

 

Deputado encerra seu período de 69 dias como presidente interino da mesma forma que começou, com recuos, e diz não ter ‘mágoas’.

Após 69 dias como interino na presidência da Câmara, o deputado Waldir Maranhão (PR-MA) encerrou ontem sua gestão da mesma forma que começou: com recuos.

Apesar de afirmar em seu discurso que sua atuação “mudou os rumos do País”, o deputado maranhense ficará na história por sua imprevisibilidade e pelo constrangimento de não conseguir exercer, na prática, a função que lhe caiu no colo após o afastamento do titular, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“Nestes poucos meses, aprendi anos. Acertei e errei como qualquer um, mas não vou aqui ficar lamentando o passado. Tenho certeza de que algumas decisões vão mudar o País para melhor.

O resto é página virada”, disse Maranhão.

A imprevisibilidade que marcou sua gestão foi notada logo após ser empossado no cargo, no início de maio. Seu primeiro ato foi revogar as sessões em que os deputados decidiram pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Pressionado, revogou a própria revogação no fim do mesmo dia.

Com isso, conseguiu o feito de unir a maioria dos parlamentares contra si mesmo.

Enquanto esteve à frente da presidência, Maranhão assinou 31 atos, a maioria deles referentes a trâmites internos da Casa. Também usou o cargo para fazer afagos, ora à presidente afastada, ora ao presidente em exercício Michel Temer, ora a Cunha, ora aos seus pares.

Na prática, também não conseguiu presidir as sessões na Câmara, função que deixou para outros integrantes da Mesa Diretora da Casa. Em uma das ocasiões, saiu da cadeira de presidente aos gritos de “fora, fora”.

Despedida. Em seu último dia no cargo, manteve o hábito de voltar atrás em decisões e alterou duas vezes o horário da sessão para deputados elegerem o novo presidente.

Prevista para as 16 horas, a sessão foi adiada para as 19 horas no meio da tarde e, minutos depois, para as 17h30. Apesar de não ter apresentado nenhuma justificativa para a alteração, as medidas foram tomadas após receber parlamentares contra e a favor de Cunha, que tinha seu recurso analisado pela Comissão de Constituição e Justiça ao mesmo tempo. “Deixo esta presidência sem mágoas e rancores e com a consciência limpa e tranquila”, afirmou Maranhão no último discurso como presidente interino.

GALERIA DE PRESIDENTES

Ulysses Guimarães (PMDB-SP)

Paes de Andrade (PMDB-CE)

Inocêncio de Oliveira (PFL-PE)

Ulysses Guimarães (PMDB-SP)

Ibsen Pinheiro (PMDB-RS)

Michel Temer (PMDB-SP)

Aécio Neves (PSDB-MG)

Luis Eduardo Magalhães (PFL-BA)

Michel Temer (PMDB-SP)

Efraim de Morais (PFL-PB)

João Paulo Cunha (PT-SP)

Severino Cavalcanti (PP-PE)

Aldo Rebelo (PCdoB- SP)

Arlindo Chinaglia (PT-SP)

Michel Temer (PMDB-SP)

Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)

Marco Maia (PT-RS)

Eduardo Cunha (PMDB-RJ)