Defesa de Marcelo Odebrecht dispensa Dilma como testemunha

Julia Affonso e Ricardo Brandt

14/07/2016

 

 

A defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht comunicou ao juiz federal Sérgio Moro que desistiu do depoimento da presidente afastada Dilma Rousseff como uma de suas testemunhas em ação penal que responde na Operação Lava Jato. A petista prestaria o depoimento por escrito.

Moro conduz os processos da operação em primeira instância.

Os advogados de Odebrecht haviam arrolado Dilma nos processos da Operação Xepa, 26.ª etapa da Lava Jato. Nessa ação, o empreiteiro é acusado de organização criminosa e lavagem de dinheiro – o processo aponta pagamentos para o ex-marqueteiro do PT João Santana, preso na mesma operação, realizados pelo “departamento de propinas” da Odebrecht.

Em petição a Moro, na segunda- feira passada, o criminalista Nabor Bulhões informou sobre a desistência em relação ao depoimento de Dilma. A defesa havia arrolado 15 nomes como suas testemunhas. Outras indicações, como a do ex-ministro Antônio Palocci, foram mantidas.

“Marcelo Odebrecht”, escreveu Bulhões, “vem respeitosamente a Vossa Excelência, por seu advogado signatário manifestar desistência da inquirição da testemunha Dilma Vana Rousseff, razão por que deixa de formular os quesitos que lhe seriam submetidos para tanto na data de hoje, 11 de julho de 2016.” ‘Desnecessidade’. Segundo o advogado, a desistência se fundamenta na “desnecessidade” em relação à investigação. “O peticionário declara, em respeito a esse douto Juízo, que a sua iniciativa se relaciona à desnecessidade desse depoimento, a esta altura, considerado o quanto já apurado na instrução processual consubstanciada na prova produzida pelo Ministério Público Federal.” Odebrecht, preso desde 19 de junho de 2015, foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão no esquema de propinas montado na Petrobrás.