Moro autoriza devolução de passaporte de Cláudia Cruz

Renato Onofre

26/08/2016

 

 

Decisão contraria Ministério Público, para quem há risco de mulher de Cunha fugir do país

O juiz Sérgio Moro autorizou a devolução do passaporte a Claudia Cruz, mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A decisão contraria a posição da força-tarefa da Operação Lava-Jato, que queria manter o documento retido para evitar o risco de fuga da jornalista, acusada de receber parte da propina destinada a Cunha.

Condecoração. Moro recebe a Medalha do Pacificador

O passaporte foi entregue pela própria defesa da jornalista em junho, quando ela se tornou ré. A medida, na época, foi uma sinalização de que ela estaria disposta a colaborar com a Justiça.

Ao autorizar a devolução, anteontem, Moro, que ontem recebeu a Medalha do Pacificador, concedida pelo Comando do Exército, atendeu à defesa. Ele afirmou que não há nenhuma medida restritiva contra ela nos autos do processo. A notícia de devolução do passaporte foi antecipada pela coluna de Lauro Jardim, do GLOBO.

“Não foi decretado por este juízo medida cautelar de proibição para que Cláudia Cruz deixe o país. Considerando ainda o papel subsidiário da acusada no suposto esquema criminoso, não vislumbro razões concretas para estabelecer tal proibição, reputando remota o risco à aplicação da lei penal quanto a ela”, afirmou o juiz.

Semana passada, o Ministério Público alertou para o risco de fuga de Cláudia, se o passaporte fosse devolvido. “Existe real possibilidade de Cláudia Cordeiro Cruz e/ou seus familiares manterem outras contas bancárias no exterior, havendo risco concreto de eventual fuga e utilização de ativos secretos ainda não bloqueados ”, diz um trecho documento.

Cláudia responde por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo a investigação, ela foi favorecida, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido. O casal nega irregularidades.

 

 

O globo, n. 30335, 26/08/2016. País, p. 6.