Valor econômico, v. 17, n. 4040, 05/07/2016. Brasil, p. A2

Serra defende menos impostos sobre a exportação e diz que China é 'prioridade'

Por: Estevão Taiar e Camila Souza Ramos

Por Estevão Taiar e Camila Souza Ramos | De São Paulo

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, defendeu ontem, durante evento em São Paulo, a aproximação comercial brasileira com China, África e Irã e a menor tributação sobre as exportações. Serra definiu a China como "prioridade" e disse que criará uma área específica dentro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para negociar com os chineses.

"A China deslocou a curva de demanda por alimentos para cima. Vamos dar ênfase para isso", disse o ministro, durante discurso no Global Agribusiness Forum. "A África Subsaariana, entre 2000 a 2010, cresceu a uma taxa que foi o dobro da América do Sul. Entre 2010 e 2016, foi três vezes maior. É um mercado muito importante", afirmou, citando a Nigéria como um país do qual o Brasil compra "muito petróleo, mas para quem vendemos quase nada".

O Irã, segundo ele, "tem um potencial imenso" depois do fim das sanções comerciais. Serra disse que no mês passado foi enviada uma missão formada por membros do BNDES e do Ministério de Relações Exteriores para iniciar uma maior aproximação comercial. O ministro elogiou a transferência da Apex para o Itamaraty e a da Câmara de Comércio Exterior (Camex) para a Presidência da República, classificando-as como "mudanças importantes".

Falando para uma plateia de representantes do agronegócio brasileiro, elogiou a agricultura brasileira, responsável por 20% do PIB e 40% das exportações. O ministro disse aos empresários que "não há contradição" entre incentivar a venda para o exterior de produtos agrícolas e diversificar a pauta de exportação.

"Nosso dilema não é exportar manufaturados, produtos agrícolas ou minerais. Isso é perfeitamente compatível. Os Estados Unidos são um exemplo nesse sentido. Temos que exportar aviões e soja", disse.

Para alcançar esse objetivo, Serra defendeu que haja menos impostos sobre as exportações brasileiras. A menor incidência de tributos, segundo ele, já traria efeitos positivos no curto prazo. "Precisamos diminuir o custo Brasil", disse. Ele não detalhou, no entanto, quais mudanças poderiam ser essas.

O ministro fez elogios à produtividade do agronegócio brasileiro, mas disse que é possível diminuir os custos, principalmente por meio de melhoras no transporte e armazenamento. O índice de perda do agronegócio nacional, segundo o ministro, é de 10%, acima da média mundial. "Mas isso gera uma oportunidade para a gente. "