Título: Trabalho insalubre
Autor: Filizola, Paula; Oliveira, Wagner
Fonte: Correio Braziliense, 22/10/2011, Brasil, p. 10

Após investigações nas confecções da Império do Forro de Bolso em Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, o Ministério Público do Trabalho (MPT) no estado constatou que não há registo de trabalho infantil na fábrica. Porém, segundo relatório da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), as condições de trabalho não eram ideais. Em entrevista coletiva concedida ontem, Ana Carolina Ribemboim, procuradora do Trabalho no estado, disse que um laudo a ser feito por médicos apontará os riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores. "Temos o caso de trabalho de menor em ambiente insalubre, proibido pela Constituição Federal, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Consolidação das Leis do Trabalho", explica.

Dos 33 funcionários da fábrica, dois têm 16 anos. De acordo com a procuradora, todos devem ser submetidos aos exames médicos do inquérito epidemiológico da Secretaria de Saúde. Mas Ana Carolina relata que os trabalhadores não têm colaborado com as investigações. Talvez, segundo ela, por medo de se serem discriminados. "Nós precisamos desse contato. Só ele pode nos dar algumas informações", afirma.

Dentre as descobertas referentes ao material hospitalar importado dos EUA, há também um relatório de 2009 do Laboratório de Experimentação e Análise de Alimentos do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco que apontava irregularidades no material importado pela Império do Forro do Bolso. O estudo indica a presença de patógenos — micro-organismos prejudiciais à saúde — no tecido de algodão do primeiro contêiner trazido pela empresa, responsável pela compra recente das 46t apreendidas. Na época, no entanto, a carga foi liberada no Porto de Suape por ordem da Receita Federal sem sofrer qualquer tipo de intervenção das autoridades sanitárias. (PF)