Título: Dólar desaba 10,5% no mês
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Fonte: Correio Braziliense, 29/10/2011, Economia, p. 17

Acordo na Zona do Euro tranquiliza mercados e aumenta o fluxo de recursos para países como o Brasil. A moeda norte-americana fechou ontem em R$ 1,684, a menor cotação desde 9 de setembro Publicação: 29/10/2011 02:00

Depois de ter recuado quase 3% na quinta-feira, o dólar comercial caiu mais 1,44% ontem e terminou o dia em R$ 1,684, a menor cotação desde 9 de setembro. Com esse resultado, a moeda norte-americana acumulou uma queda de 5,4% na semana e de 10,48% em outubro, faltando apenas um dia útil para o fechamento do mês. No ano, a valorização — que já chegou a superar os 14% — agora foi reduzida a apenas 1,10%.

Segundo analistas, a queda reflete o acordo fechado entre líderes europeus na quinta-feira para solucionar a crise de dívida de países da Zona do Euro. O acerto tranquilizou os mercados e estimulou o movimento de capitais na direção de países com economia sólida e elevados rendimentos, como o Brasil. "A Europa tirou a aversão ao risco e agora os fundamentos da economia brasileira se tornam mais importantes", afirmou o economista-chefe do Espirito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.

Para ele, o nível de R$ 1,70 deve se mostrar um patamar de suporte para o dólar. "Apenas com o tempo, se vierem notícias consistentes da Europa, o dólar pode ir a R$ 1,65. Mas R$ 1,60 é um nível em que o Banco Central já mostrou que vai atuar (para frear a queda)", disse.

De acordo com o analista econômico da Win Trade José Góes, os investidores tendem a olhar com mais atenção a taxa básica de juros brasileira que, mesmo em trajetória de queda, ainda é uma das maiores do mundo. A Selic está em 11,5% ao ano, e o mercado aposta em mais dois cortes de 0,5 ponto percentual até o início de 2012. O juro elevado atrai dólares para o país, reduzindo o preço da divisa.

Preço menor A compra de moeda estrangeira para viagens ao exterior deve ficar mais barata para pessoas físicas e empresas a partir de janeiro, segundo o gerente-executivo de normatização de câmbio e capitais estrangeiro (Gence) do Banco Central, Geraldo Magela. Essa redução será proporcionada pelo novo sistema de câmbio que o Banco Central colocou em funcionamento em 3 de outubro para o chamado mercado primário de transações.

A redução de custos vai ocorrer porque bancos e corretoras terão de divulgar o valor total efetivo da operação, incluindo tarifas, taxas e impostos, permitindo ao cliente procurar instituições que ofereçam condições mais favoráveis. "Hoje, cada instituição tem um tipo de modelo para informar a tarifa", destacou Magela, em evento ocorrido em São Paulo. Essas novas regras entrarão em vigor em 2012, conforme resolução do Conselho Monetário Nacional tomada em 29 de setembro passado.