Título: Incidente em Goiânia
Autor: Mader, Helena
Fonte: Correio Braziliense, 29/10/2011, Cidades, p. 29

Um policial militar de Goiânia (GO) ficou ferido ontem durante a utilização do taser em uma operação de rotina. A PM foi acionada depois que uma mulher ateou fogo no próprio carro. Quando a polícia chegou à casa da acusada, ela ainda estava extremamente exaltada. O tenente João Afonso Berquo Neto tentou acalmar a mulher, que ameaçou incendiar a viatura da polícia. O militar percebeu o risco e decidiu disparar usando uma arma de choque.

Mas no momento em que o tenente apertou o gatilho do taser, a mulher jogou álcool contra ele. Como a pistola de choque produz faíscas, houve uma explosão, que deixou João Afonso com 35% do corpo queimado. "Esse era uma situação para uso do taser, que é um equipamento não letal e gera apenas a incapacidade momentânea. Infelizmente, a mulher lançou álcool contra o tenente e gerou uma combustão", comenta o diretor de Comunicação Social da PM de Goiás, coronel Divino Alves de Oliveira. A acusada vai responder por lesão corporal e o tenente passa bem.

Médicos acompanham de perto as discussões sobre o taser no DF. A Associação Médica de Brasília e o Conselho Regional de Medicina são contra a adoção da pistola de choque. O presidente do CRM-DF, Iran Augusto Cardoso, diz que o governo ainda não procurou a entidade para debater o assunto. "A arma de choque pode, sim, ser letal. Se a pessoa tiver uma patologia cardíaca, por exemplo, pode morrer se receber um disparo. O conselho é contra a adoção do taser nas operações do Detran", comenta Iran Augusto. A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional garante que entre 2001 e 2008 foram registradas 334 mortes por taser nos Estados Unidos. (HM)