Valor econômico, v. 17, n. 4068, 12/08/2016. Política, p. A10

Governo apressa escolha de comissão que analisará PEC dos gastos

Por: Raphael Di Cunto

 

Em mobilização relâmpago da base aliada do governo Temer, a comissão especial da Câmara dos Deputados que analisará a proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria um teto de gastos público iniciou os trabalhos ontem à noite para eleger o deputado Danilo Forte (PSB-CE) presidente do colegiado e o Darcísio Perondi (PMDB-RS) como relator.

A articulação nos bastidores ocorreu num momento em que a Câmara já estava esvaziada, com a maioria dos deputados em seus Estados, e a oposição, desmobilizada. Na mesma semana em que falhou em votar o projeto da renegociação das dívidas dos Estados, o governo reuniu deputados para dar quórum na sessão de debates e permitir a instalação da comissão ainda ontem, no prazo mínimo.

A deputada Erika Kokay (PT-DF), única parlamentar da oposição presente, criticou a articulação nas "sombras". "Deu certo a estratégia covarde, não respeitaram o regimento e nem a democracia", afirmou. A petista focou as críticas em Perondi, presidente da frente parlamentar da saúde, dizendo que ele "trocou de lado". "Vejo parlamentares que descem da tribuna justa de mais recursos para saúde e educação e vão para a vala do golpismo aplaudir a retirada de recursos", disse. Kokay acusa a PEC de cortar os gastos com o setor.

O relator não quis responder as críticas e preferiu comemorar a articulação da base. "Vamos seguir assim, focados, e até o fim de outubro mandaremos a PEC para o Senado com urgência", disse. A Câmara estará com a atividade reduzida em setembro e outubro por causa das eleições municipais.

A instalação dá início ao prazo mínimo de 10 sessões de plenário para a comissão especial discutir e votar a PEC - são no máximo 40 sessões, mas o governo trabalha para votar antes. O colegiado voltará a se reunir no dia 22 para apresentação do plano de trabalho e deliberação dos primeiros requerimentos.