Valor econômico, v. 17, n. 4071, 17/08/2016. Brasil, p. A2

América Latina precisa de unidade econômica, diz Macri

Por: Hidetake Miyamoto

 

A América Latina precisa de uma maior integração econômica, disse ontem o presidente da Argentina, Maurício Macri, que continua tentando diminuir as restrições comerciais em seu país e na região.

Macri parece vislumbrar uma fusão dos dois blocos comerciais da América Latina, o Mercosul e a Aliança do Pacífico. A Argentina pertence ao primeiro, assim como o Brasil e a Venezuela, cujo governo protesta contra os Estados Unidos. As tendências protecionistas do Mercosul desaceleraram a integração do grupo e vêm atrapalhando a assinatura de acordos comerciais com o resto do mundo.

"Primeiro, precisamos estimular o Mercosul", disse Macri em uma entrevista recente na Casa Rosada, sugerindo uma disposição em assumir a liderança na redução das tarifas e outras barreiras ao comércio dentro do bloco.

Individualmente, os membros do Mercosul não pode firmar acordos de livre comércio com países de fora do bloco. Mas Macri disse que o bloco está "pronto para negociar com o Japão".

Tentativas de formar grandes zonas econômicas na região não são novidade. O Acordo de Livre Comércio das Américas, proposto entre 34 nações, era para englobar América do Norte, América do Sul e Caribe, excluindo Cuba, e produzir um bloco em funcionamento até o fim de 2005. Mas o esforço fracassou em meio à resistência do então líder venezuelano Hugo Chávez e outros oponentes.

Após esse fracasso, México, Chile, Peru e Colômbia formaram a Aliança do Pacífico. O bloco comercial busca laços mais próximos com a Ásia, tendo concedido a condição de observador para o Japão, Coreia do Sul, Índia e outras nações do continente asiático.

A Argentina tornou-se um dos 49 países observadores da Aliança do Pacífico em junho, com o governo do presidente Macri aparentemente tentando mostrar que seu país está aberto a negócios. Macri descreveu o status de observador como o primeiro passo para a integração do mercado. Juntos, os dois blocos teriam um PIB combinado de cerca de US$ 4,5 trilhões, mais ou menos o tamanho do PIB do Japão, criando um imã mais poderoso para os investimentos na região.

Desde que substituiu a administração esquerdista e antiamericana de Cristina Kirchner, em dezembro, o governo de centro-direita de Macri vem adotando medidas para acabar com o isolamento da Argentina dos mercados de capitais e para abrir sua economia. Essas medidas incluem um acordo com detentores reticentes de títulos de dívida argentinos, a redução das tarifas de exportação e o afrouxamento dos controles cambiais.

Com os governos esquerdistas do Brasil, Venezuela e outras economias com políticas protecionistas perdendo força, as corporações latino-americana anseiam por uma agenda no livre comércio. Mas as chances de uma combinação do Mercosul com a Aliança do Pacífico parecem pequenas enquanto o governo chavista da Venezuela estiver no grupo.