Título: Ainda estamos vivos
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 25/10/2011, Economia, p. 11

Durante quase todo o dia de ontem, diretores da Unimed Brasília estiveram reunidos a portas fechadas para discutir a situação da empresa. Segundo a presidente da operadora, Sylvia Carvalho de Oliveira, a sua equipe jurídica já entrou com recursos para tentar suspender a decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de obrigar a companhia a passar adiante a sua carteira de quase 18 mil clientes, por incapacidade de atendimento. "Tenho certeza de que conseguiremos reverter esse quadro na Justiça. Estão querendo enterrar alguém que ainda está vivo", disse a médica cardiologista, à frente da empresa desde julho de 2010.

A Unimed, segundo ela, ainda não foi informada oficialmente da decisão. Para Sylvia, a medida esconde "interesses escusos" e reflete a "ação de concorrentes para tomar o mercado". O número de usuários de planos de saúde no DF só cresce. Os dados mais atualizados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), referentes a junho deste ano, indicam que 629.362 brasilienses são atendidos pela rede particular — alta acumulada de 6% em 2011.

Descartando a possibilidade de falência, Sylvia argumentou que a decisão de alienar a carteira foi tomada com base em informações de gestões anteriores. "Estamos com um plano de recuperação em curso e os números estão melhorando", garantiu. Não há operadora em Brasília, acrescentou a presidente, que esteja "nadando de braçadas" no mercado. "Ao contrário do que pensam, com o aumento no rigor das exigências por parte da ANS, as empresas não têm lucrado."

Sylvia se apressou em tranquilizar os milhares de usuários da Unimed Brasília. "Nossos clientes não precisam se preocupar: o atendimento está garantido", ressaltou. Por mais de uma vez, a presidente reconheceu a situação delicada pela qual passa a operadora, mas não cogitou o fim das atividades. "O cenário é ruim para todo mundo. Muitas vão desaparecer, mas a Unimed não", concluiu. (DA)