Título: Médicos do SUS param em 19 estados
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 25/10/2011, Economia, p. 11

Cerca de 100 mil médicos que atendem no Sistema Único de Saúde (SUS) prometem cruzar os braços hoje em protesto contra as más condições de trabalho e a baixa remuneração. Os atendimentos de emergência serão mantidos, além de tratamentos inadiáveis, como quimioterapia e hemodiálise.

Em 19 estados, foi confirmada a paralisação em todos os procedimentos eletivos, sejam cirurgias não emergenciais ou consultas ambulatoriais — todas remarcadas. Em São Paulo e Santa Catarina, a paralisação será pontual. No restante do país, incluindo do Distrito Federal, haverá apenas manifestações.

Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), a baixa remuneração impede que os médicos se fixem no SUS. "O profissional faz concurso para a rede pública só para enriquecer seu currículo", disse o vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) no Centro-Oeste, Lairson Vilar Rabelo. "Depois, ele agradece e vai embora.

As vezes, não cumpre nem o estágio probatório", completou o presidente da Comissão Pró-SUS do CFM, Aloísio Tibiriçá. A média do salário base é de R$ 1,9 mil, sendo que, na Bahia, por exemplo, o piso é de R$ 723,81. A entidade pede um mínimo de R$ 9.688.

No DF, trabalho mantido No Distrito Federal, os cinco mil médicos da Secretaria de Saúde manterão os atendimentos. Como forma de protesto, o Sindicato dos Médicos colocará no ar um site no qual fará denúncias a respeito das condições de trabalho. O principal problema levantado foi a demanda superior à capacidade de atendimento, seja por escassez de profissionais ou por falta de estrutura. "No Paranoá, por exemplo, temos um hospital novo, moderno, mas subutilizado porque não terminou de ser instalado. Faltam médicos, pessoal administrativo e equipamentos", detalhou o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Marcos Gutemberg Fialho. Outra reclamação diz respeito à insegurança que os profissionais sentem por falta de condições de trabalho. "São muitos pacientes para poucos médicos", reclamou.