Supremo começa a ouvir testemunhas em processo contra Cunha

Rafael Moraes Moura

31/08/2016

 

 

Três deputados foram ouvidos em ação em que peemedebista é acusado de corrupção envolvendo contrato de navios-sonda.

O Supremo Tribunal Federal ouviu ontem quatro testemunhas de defesa do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em esquema envolvendo a compra de navios-sonda da Petrobrás. Foram ouvidos o servidor do centro de informática da Câmara Fernando Lima Torres e os deputados federais Pedro Pinheiro Chavez (PMDB-GO), Manoel Alves da Silva Junior (PMDB-PB) e Carlos Henrique Sampaio (PMDB-SP).

Cunha teria recebido pelo menos US$ 5 milhões para facilitar a contratação do estaleiro Samsung Heavy Industries, responsável pela construção dos navios- sonda. O peemedebista teria pressionado pelo pagamento de propinas, por meio da formulação de requerimentos na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.

De acordo com a Procuradoria- Geral da República, os requerimentos solicitavam informações sobre o lobista Júlio Camargo – um dos delatores da Operação Lava Jato –, a Samsung e o Grupo Mitsui. Segundo a defesa de Cunha, o depoimento de Fernando Torres deixa claro que o requerimento foi formulado na matrícula de um assessor de Solange.

“Qualquer especulação que foi feita até aqui se teria tido a participação ou não deputado Eduardo Cunha por ter sido ele o autor do requerimento, foi por água abaixo agora com esse esclarecimento”, disse o advogado Ticiano Figueiredo. “Não vejo outra saída se não a absolvição do deputado Eduardo Cunha.” ‘Pode acontecer’. Durante o depoimento, o deputado Carlos Sampaio foi questionado sobre o processo de formulação de requerimentos e se seria comum algum servidor utilizar o seu login para fazer requerimento para outro deputado. “Pode acontecer? Pode, mas tendo em vista a relação de confiança que você tem com seu chefe de gabinete, você espera que isso não aconteça. Não é uma coisa normal ele pegar o seu login para fazer (requerimento) para outro”, disse o deputado, que admitiu ter ficado surpreso em ser listado como testemunha de defesa de Cunha.

Cassação. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF que rejeite o pedido apresentado pela defesa de Cunha pela suspensão do seu processo de cassação. Para o procurador-geral, não houve no caso ofensa ao direito constitucional de defesa do peemedebista.

Defesa

Não vejo outra saída se não a absolvição do deputado Eduardo Cunha.”

Ticiano Figueiredo

ADVOGADO DE DEFESA DE EDUARDO CUNHA SOBRE PROCESSO NO STF