Rivalidade muda atrás das camêras 

Isabela Bonfim

27/08/2016

 

 

Clima de tensão entre senadores fica no plenário.

Quem acompanha as sessões do julgamento de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff pela TV nem sempre consegue captar o clima interno entre os senadores no plenário. Acordos entre parlamentares, discussões paralelas e até mesmo momentos de descontração acabam passando despercebidos. O clima de tensão e rivalidade que aparece diante das câmeras não traduz o conjunto das relações entre os senadores, que fora da disputa política, mantêm um relacionamento mais amigável.

Isso ocorre porque a transmissão oficial do julgamento, feita pela TV Senado, respeita o direito de fala. Ou seja, a imagem é sempre de quem detém o microfone. Na hora do discurso, senadores vestem personagens que, por vezes, não correspondem com o que são nos bastidores, onde as lentes da TV não alcançam.

Enquanto o público assistia ao depoimento do auditor fiscal Antônio Carlos D’Ávila, no fundo do plenário, o combativo líder da minoria, Lindbergh Farias (PT-RJ), se uniu à uma roda de rivais tucanos, onde deu início a uma longa conversa cheia de risadas com dois dos maiores críticos do governo Dilma, Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

Encontros pouco prováveis também ocorrem atrás das câmeras. Poucos sabem, mas o advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, e os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Aécio Neves (PSDB-MG), que muitas vezes aparecem nos vídeos se confrontando, são amigos de longa data. Cardozo já foi deputado federal e conviveu com os colegas em sua temporada na Câmara.