Lula vê início da ‘vergonha nacional’

Fernanda Nunes

26/08/2016

 

 

Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o dia de ontem foi o primeiro da “semana da vergonha nacional” em relação ao julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado. A uma plateia de operários navais, em Niterói (RJ), Lula disse que “o único erro de Dilma foi ser honesta” e que se sente triste com antigos aliados do PMDB. Com a ascensão de Michel Temer à Presidência da República, afirmou o ex-presidente, volta a prevalecer no País “o complexo de vira-lata”.

Pela manhã, Lula se reuniu com a candidata a prefeito do Rio pelo PCdoB, a deputada federal Jandira Feghali, e com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, em hotel de Copacabana.

O ex-presidente deixou o hotel sem falar com os jornalistas.

Já na portaria do estaleiro Eisa Petro Um, em Niterói, criticou o líder na pesquisa Ibope de intenções de votos à prefeitura do Rio, o senador Marcelo Crivella (PRB). “Um companheiro como o Crivella, que apoiei tanto, que fala tanto em Deus, não pode cometer essa deslealdade, (com Dilma)”, afirmou.

O ex-presidente também se disse “muito triste com o comportamento do prefeito do Rio (Eduardo Paes, do PMDB) e com o filho do Sérgio Cabral (ex-governador do Estado do Rio, pai do deputado federal Marco Antônio Cabral, do PMDB-RJ)”, sem detalhar e citar nomes.

Em abril deste ano, Paes exonerou o então secretário de governo e atual candidato à prefeitura do Rio, Pedro Paulo, para reassumir o cargo de deputado federal na Câmara a fim de votar pelo impeachment. Marco Antônio era secretário estadual e foi exonerado pelo governador em exercício Francisco Dornelles (PP) para votar pelo afastamento de Dilma.

Sobre Temer, Lula disse não ter “nada pessoal contra”, mas que seria “digno” o presidente em exercício disputar as eleições de 2018. Acerca de sua própria candidatura, afirmou: “Vamos ver”. “Se mexer, o Lulinha Paz e Amor desaparece e volta o Lula para brigar.” Presente no encontro em Niterói, o presidente da Confederação Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, convocou os militantes a “tomar Brasília de vermelho” na próxima segunda- feira, quando Dilma prestará depoimento no Senado.

O líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse que “a luta contra o golpe está só começando”.

‘Punição’

“Hoje (ontem, quando houve bate-boca entre senadores durante sessão) começa a semana da vergonha nacional, o dia em que os senadores começam a rasgar a Constituição do País e o dia em que eles começam a debater a punição de uma mulher inocente”

Luiz Inácio Lula da Silva

EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA