17/08/2016

Tucano afirmou que ‘uma vez PT, sempre PT’ em referência a Erundina, Marta e Haddad; Russomanno centrou suas críticas à atual gestão.

O discurso antipetista marcou ontem o primeiro dia de campanha pela Prefeitura de São Paulo. Quatro dos principais candidatos trataram do tema puxado por João Doria (PSDB). O tucano afirmou que “uma vez PT, sempre PT” em referência a Luiza Erundina (PSOL), Marta Suplicy (PMDB) e Fernando Haddad (PT). Celso Russomanno (PRB) optou por fazer críticas à atual gestão. Em resposta, as ex-petistas que já governaram a cidade disseram que a legenda mudou e o atual prefeito considerou a crítica uma “imaturidade política”.

Os cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas foram às ruas para dar início à campanha, que neste ano será mais curta e sem financiamento privado.

“Respeito a Marta, mas não dá para esquecer que ela ficou 30 anos no PT”, afirmou o empresário durante café da manhã com operários em um canteiro de obras na Barra Funda, zona oeste. “Ninguém pode negar o seu passado. Não quero estigmatizar Marta, Erundina e Haddad, mas não dá para esquecer que eles são do PT”, disse.

Acompanhado de uma equipe de TV, Doria comeu pão de queijo e tomou café com leite. Em discurso, manteve o PT como alvo e recorreu a um bordão pró-impeachment: “Nossa bandeira nunca será vermelha”. À tarde, seguiu para a Praça da Sé e o Teatro Municipal, no centro, onde encontrou, de forma inusitada, Erundina (mais informações nesta página).

Prefeita entre 1989 e 1992, a deputada federal rebateu Doria. “Não nego meu passado. Não deixei o PT, foi o PT que me deixou.Os princípios e os valores - petistas continuam valendo na minha prática política”, afirmou ela, em caminhada no centro.

Com direito a 11 segundos no horário gratuito, Erundina levantou a bandeira da participação nos debates eleitorais nas TVs – por lei, partido com nove deputados federais são chamados, mas a bancada do PSOL tem seis. “O PSDB permitiu a participação do PSOL nos debates em Porto Alegre e no Rio, mas Doria vetou aqui”, disse seu vice, Ivan Valente (PSOL).

Marta também foi questionada sobre a declaração de Doria durante visita, pela manhã, ao Centro Educacional Unificado (CEU) Jambeiro, em Guaianases, zona leste, o primeiro equipamento inaugurado em sua gestão (2001-2004). “Os valores com os quais o PT foi criado, o combate às desigualdades, são os meus”, afirmou.

Em relação à disputa pelo “legado” de obras de três gestões petistas, Marta desconversou: “Vou perguntar para a população.

Quem fez o CEU?” Em seguida, ouviu em coro: “Marta!” A senadora fez uma caminhada e visitou o comércio local.

Críticas. Haddad retrucou Doria e Marta em sua primeira agenda como candidato à reeleição – pela manhã, ele visitou o M’Boi Mirim, na zona sul. “Estamos (o PT) governando a cidade pela terceira vez. Esta (administração) aqui é a melhor das três, vocês sabem disso.” Sobre o fato de Marta ter iniciado a campanha em um CEU, Haddad classificou de “personalismo” a prática política de se apropriar de ações de governo. Em, relação às declarações do tucano, o petista defendeu sua legenda: “É um equívoco atacar uma agremiação, um partido, uma igreja, um time de futebol.

É uma atitude de imaturidade política”. Embora tente evitar a associação de sua campanha à crise que levou ao afastamento de Dilma, o prefeito foi forçado a ouvir o vereador petista Reis fazer uma referência ao processo de impeachment: “Primeiramente...

Fora, (Michel) Temer”. Do palanque, ouviu ainda gritos de “Lula ladrão”. Ao falar com moradores do Itaim Paulista, na zona leste, Russomanno fez críticas a Haddad. “Gosto de andar no meio das pessoas porque assim não perdemos a sensibilidade.

Quem está no gabinete e não sai do gabinete perde o que a cidade tem a oferecer, coisas boas e ruins também”, disse.

O deputado federal percorreu o bairro e tratou de um dos principais problemas da região: as cheias. “Escolhemos esse bairro porque aqui as pessoas sofrem bastante com as enchentes, e a Prefeitura, que deveria fazer a zeladoria e a limpeza do córregos, não faz”, afirmou.

Multas

Fernando Haddad (PT) foi multado por divulgar propaganda institucional fora do período determinado por lei e Marta Suplicy (PMDB) foi multada por propaganda paga irregular no Facebook.