Título: Varejo fraco ameaça PIB
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 11/11/2011, Economia, p. 10

As vendas no varejo em setembro tiveram uma alta de 0,6% em relação ao mês anterior, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após o tombo de 0,4% em agosto, o indicador superou as previsões mais pessimistas de economistas de mercado, que previam um avanço mais tímido no fechamento do terceiro trimestre. Mas, ainda assim, a alta não foi suficiente para reverter a expectativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) no período. Os dados do comércio eram os últimos que faltavam para o fechamento das previsões.

Felipe França, do Banco ABC Brasil, por exemplo, manteve a previsão de queda de 0,1% para o Produto Interno Bruto (PIB) no período de julho a setembro. "Enquanto a média do mercado era de alta de 0,4%, nossa estimativa era de 0,3%", comentou o analista. Para o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, o resultado das vendas no varejo reforça a expectativa de que o PIB do terceiro trimestre tenha mostrado desaceleração significativa. As estimativas do banco eram de alta de 0,5% na variação de setembro.

Na comparação com o mesmo mês de 2010, o comércio varejista cresceu 5,3%, mas esse indicador ficou abaixo dos 6,3% de agosto, dando fortes sinais de desaceleração — um dado que preocupa. Barros lembrou que, durante a crise financeira mundial de 2008 e 2009, foi justamente o consumo interno a boia que evitou a economia brasileira de um naufrágio.

Contraponto "O resultado positivo do comércio em setembro não foi suficiente para impedir uma desaceleração do volume de vendas na passagem do segundo para o terceiro trimestre, de 7,8% para 6,2%", destacou Flávio Combat, economista da Corretora Concórdia.

Mas nem todos as instituições financeiras, a exemplo do Banco HSBC, são pessimistas quanto ao PIB do terceiro trimestre. "A economia está perdendo impulso, mas, aparentemente, não é tão rápido quanto se temia pelo consenso do banco. Em nossa opinião, a demanda do consumidor permanecerá resistente às condições atuais, e os últimos dados são consistentes diante da manutenção, pelo Banco Central, do ritmo de flexibilização da política monetária em 50 pontos-base (0,5 ponto percentual) por reunião do Copom", afirmaram os economistas Marcos Fernandes e Constantin Jancso.