Correio braziliense, n. 19371, 08/06/2016. Política, p. 3

Apreensão no Congresso

Por: Julia Chaib e Natalia Lambert

 

A notícia dos pedidos de prisão da cúpula do PMDB levou apreensão ao Congresso Nacional. Mas, se em relação a Eduardo Cunha, o pedido serviu para aumentar o coro contrário ao peemedebista, no Senado, a posição dos parlamentares foi de maior cautela com relação aos colegas.

Sobre a solicitação feita pela Procuradoria-Geral da República em relação ao Presidente do Senado, parlamentares evitaram defender um afastamento do cargo pelo peemedebista, antes de uma decisão do STF. Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) disse que o partido se reuniu e avaliou que é preciso “ter cautela”. “Não temos aqui conhecimento da integralidade dos fatos que possam eventualmente ter justificado este pedido de prisão. Vivemos em um sistema democrático onde os poderes têm atribuições absolutamente definidas e todos têm de agir no limite das suas atribuições. Nesse instante, cabe a manifestação do STF”, disse.

O líder do PT, Humberto Costa (PE), também afirmou que é necessário ter moderação e aguardar um posicionamento do Supremo. “O STF pode considerar que não há razão, ou que o pedido não é consistente e, dependendo dessas razões, pode não haver impedimento de que ele continue a presidir o Senado”, disse, em relação ao pedido de prisão de Renan.

 

Eduardo Cunha

No Conselho de Ética, durante a manhã de ontem, o tema dominou a sessão, que analisa o processo que pode cassar o mandato do presidente afastado da Câmara dos Deputados. Na reunião, o deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), disse que,  intencional ou não, o vazamento tem uma simbologia muito importante. “Mostra que está sendo feita uma oxigenação necessária na política, que há muito tempo a sociedade está pedindo.” Marchezan elogiou o relatório de Marcos Rogério (DEM-RO). “O texto está impecável e destruiu todos os argumentos da defesa. Ele não deixa dúvidas.”

 

 

Derrota de Dilma

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, rejeitou ontem um recurso da defesa da presidente afastada, Dilma Rousseff, para incluir no processo os áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que integram a delação premiada dela na Lava-Jato. Antes de decidir, Lewandowski consultou o relator da Lava-Jato no STF, o ministro Teori Zavascki, para se manifestar sobre o assunto. Teori afirmou, no entanto, que os elementos colhidos na delação estão resguardados por sigilo e, por isso, não podem ser anexados aos autos do impeachment no Senado.