Após 3 trimestres, Petrobrás volta ao azul, mas lucro é menor que o esperado

Daniela Amorim e Fernanda Nunes

 

12/08/2016

 

 

Oleo e gás. Estatal registrou ganho de R$ 370 milhões no 2º trimestre, mas analistas do mercado financeiro projetavam um lucro de R$ 2 bilhões; empresa foi beneficiada pelo câmbio e pelo preço do petróleo, mas registrou perdas com um PDV e com o Comperj.

A Petrobrás deixou para trás três prejuízos consecutivos ao registrar lucro de R$ 370 milhões no segundo trimestre deste ano, na primeira demonstração contábil assinada pelo novo presidente, Pedro Parente. Apesar de positivo, o resultado veio muito abaixo das expectativas de analistas do mercado financeiro, que projetavam lucro na casa dos R$ 2 bilhões.

O balanço trouxe três dados negativos que não estavam no radar dos analistas: despesas com o novo Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), de R$ 1,21 bilhão, baixas contábeis de ativos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), de R$ 1,124 bilhão, e a devolução de blocos na fase exploratória de petróleo.Por outro lado, a valorização do real frente ao dólar e a recuperação do preço do petróleo no período ajudaram a trazer o balanço de volta ao azul.

“A diferença entre o que os analistas projetaram e o que a companhia realizou são eventos extraordinários (inesperados)”, afirmou o diretor Financeiro, Ivan Monteiro, acrescentando que, até que o plano de negócios para os próximos cinco anos seja aprovado, não será possível prever se novas baixas contábeis serão registradas.

O Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), que atraiu 4 mil empregados no segundo trimestre, já chegou a 5 mil neste início de mês e deve chegar até 31 de agosto, quando será concluído, com a adesão de 6 mil funcionários.Já o Comperj, que registrou baixa contábil no período, segundo o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino, já consumiu US$ 13,5 bilhões da estatal, mas pode ser retomado no futuro com a entrada de sócios.

Além disso, os custos exploratórios de petróleo e gás natural, de R$ 1,64 bilhão, pesaram sobre as despesas. Com a devolução de blocos na fase exploratória, que deixaram de ser econômicos por causa do baixo patamar de preço do petróleo, os custos subiram 43% em relação ao trimestre anterior.

Por outro lado, o câmbio reduziu a dívida líquida em 15%, para R$ 332,39 bilhões. Como a maior parte do financiamento da Petrobrás está atrelada à moeda americana, quanto mais fraco o dólar, menor o endividamento.

Com a valorização do real, a petroleira ainda diminuiu os gastos com importação e ampliou as exportações.

O balanço mostrou ainda que a produção de petróleo e gás natural, de 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia, também contribuiu para melhorar o desempenho da companhia.

Mais plataformas operaram no segundo trimestre em relação ao primeiro, quando muitas unidades foram desligadas para manutenção. E novos poços entraram em funcionamento no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Campos. Apenas no Brasil, a produção cresceu 8%.