Título: Unesco suspende programas
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 11/11/2011, Mundo, p. 16

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) foi forçada ontem a suspender o financiamento de programas até o fim do ano, depois que os Estados Unidos cortaram a ajuda financeira de US$ 60 milhões. O governo norte-americano tomou a decisão em resposta à admissão da Palestina como membro dessa agência ligada à ONU. De acordo com Irina Bokova, diretora-geral da Unesco, a entidade enfrenta um deficit de financiamento de US$ 65 milhões e, por isso, não se comprometeria com novas despesas. "Os Estados Unidos têm o hábito de pagar sua contribuição ao fim do ano, por causa de seu calendário orçamentário. Não receberemos esse montante e teremos que tomar medidas radicais", afirmou Bokova. Os EUA são responsáveis por 22% do total da receita da Unesco.

Autoridades da agência da ONU afirmam que os cortes atingirão principalmente novos programas e custos em andamento, como viagens, publicações e comunicações. A Unesco espera obter uma economia de cerca de US$ 35 milhões, com o uso de US$ 30 milhões do capital de giro. "A utilização de US$ 30 milhões do fundo de operações completará este ano o deficit de tesouraria calculado em US$ 65 milhões", explicou a diretora geral.

Urgência Há apenas cinco dias, Bokova havia assegurado que a Unesco "não estava em crise" financeira devido à suspensão do financiamento dos EUA e que estudava o lançamento de uma campanha de arrecadação de fundos. Em 31 de outubro, o organismo admitiu a Palestina, apesar das ameaças americanas — o que constitui uma vitória diplomática para os palestinos, que aspiram a se tornar um Estado soberano. "Essas não são decisões de escolha, são decisões de urgência", ressaltou Bokova. "Eu creio que possamos atravessar essas dificuldades juntos. Para isso, devemos agir imediatamente", emendou.

Uma legislação americana datada da década de 1990 exige que o governo dos EUA retire a ajuda financeira a qualquer agência da ONU que aceitar a Palestina como membro pleno.