Título: Estudantes marcham contra reforma
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Fonte: Correio Braziliense, 11/11/2011, Mundo, p. 17

Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia

Com milhares de estudantes nas ruas das principais cidades do país e a capital semiparalisada por marchas que se dirigiam para a Casa de Nariño — o palácio presidencial —, o governo colombiano insistia ontem na oferta de suspender seu projeto de reforma da educação superior. Mais de meio milhão de universitários paralisaram as aulas em 32 instituições, em protesto contra o que denunciam como a privatização do ensino. O presidente Juan Manuel Santos reiterou que o texto será retirado do Congresso caso a greve seja encerrada. Em Bogotá, a polícia foi colocada em alerta por causa de informações segundo as quais as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) teriam infiltrado milicianos entre os manifestantes para promover um confronto violento com a tropa.

"Não educamos capital humano, mas seres humanos", "não à mudança da lei, sim à mudança do país", diziam alguns dos cartazes exibidos nas ruas centrais da capital, onde os estudantes partiram das universidades com direção à Praça Bolívar. Várias jovens levavam cravos "para dar de presente aos policiais", segundo relataram à agência de notícias France-Presse. A prefeitura pediu um reforço de 2.500 agentes para garantir a tranquilidade e minimizar os transtornos, já que desde o fim da manhã algumas das avenidas mais movimentadas estavam interditadas.

"Vocês convocaram a greve para que a reforma fosse retirada e já respondemos positivamente a essa solicitação. Vamos retirar a reforma se encerrarem a greve e voltarem às aulas. Aqui não há nenhuma ameaça", disse Santos, em mensagem aos manifestantes. "Está aberto o convite àqueles que protestam para que se sentem conosco para conversarmos sobre aquilo de que nossa educação superior precisa, ponto por ponto." Os universitários realizarão assembleia no sábado para decidir sobre a paralisação, mas o clima nas ruas de Bogotá, ontem, era de relutância. "Retirar a reforma é uma saída demagógica do governo para dizer que há diálogo" disse à AFP Leonardo González, 24 anos, aluno da Universidade Pedagógica. O projeto do governo prevê que as universidades sejam financeiramente sustentáveis, o que os estudantes classificam como uma política de privatização.

Guerrilha A polícia colombiana afirma ter interceptado comunicações em que um dos principais comandantes das Farc, Iván Márquez, teria orientado milicianos de Bogotá a se infiltrarem nas marchas estudantis para amplificar os transtornos e forçar confrontos. A mensagem teria partido de Iván Márquez, cotado para assumir o comando máximo da guerrilha em substituição a Alfonso Cano, morto pelo Exército na última sexta-feira. De acordo com a inteligência, teriam sido encontrados nos últimos dias, em universidades da capital, panfletos de propaganda das Farc e pichações assinadas por frentes guerrilheiras.