‘Acharam que eu era carta fora do baralho’

Pedro Venceslau

10/08/2016

 

 

Celso Russomanno, candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo.

Após ser absolvido por três votos a dois por ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) da acusação de peculato – desvio de dinheiro público –, decisão que o mantém na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Celso Russomanno, candidato do PRB, disse ontem que o meio político o considerava “carta fora do baralho”.

Leia entrevista concedida ao Estado:

O que muda em sua campanha com essa decisão do Supremo Tribunal Federal?

Acabou o disse me disse. Era voz corrente no meio político que eu não seria candidato e que eu era carta fora do baralho. Agora tenho tranquilidade para ir em frente.

Como o processo no STF prejudicou sua pré-candidatura?

Alguns partidos ficaram com medo de me acompanhar e foram para outros lados. Até havia uma razão para isso. Para um partido político é muito ruim ficar sem candidato majoritário. Seria um estrago muito grande e um risco de não eleger vereadores. Eles estavam procurando segurança.

A Procuradoria-Geral da República ainda pode recorrer da decisão da Segunda Turma?

Eles não podem recorrer mais da decisão porque o recurso era meu e não recorreram na primeira instância. O caso está encerrado.

O que achou dos votos de Cármen Lúcia e Teori Zavascki, que defenderam a condenação?

Talvez eles não tenham estudado tanto o processo quanto o (Dias) Toffoli. Eu não assisti ao julgamento, mas os advogados fizeram alguns comentários. O Ato 72 da Mesa (Diretora da Câmara) é muito claro sobre dedicação exclusiva e dedicação integral. A dedicação integral é nas 40 horas semanais. Passadas as 40 horas, podem fazer o que quiser. Vou dar um exemplo: a maioria dos deputados tem assessores de imprensa que exercem atividades em órgãos de imprensa. São nomeados pela Câmara. O ministro Toffoli foi assessor parlamentar e conhece o processo. O voto dele, que foi o mais longo de todos, deixou isso bem claro. Outra coisa é a atipicidade do crime imputado a mim. O peculato é quando furta alguma coisa. Peculato na modalidade desvio foi criado para esse caso. Não existe isso.

Antes do resultado, o sr. foi assediado por outros candidatos?

Tenho um bom relacionamento com todos, tirando o (Fernando) Haddad: Marta (Suplicy), (João) Doria, (Major) Olimpio e (Luiza) Erundina. Eles sempre me ligam. Não posso dizer que as conversas tenham tido a intenção de uma aproximação para o caso de eu perder o processo.