PF intima mulher e filho de Lula a depor

 

09/08/2016
Dimitrius Dantas

 

 A mulher do ex-presidente Lula, Marisa Letícia, e seu filho, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, foram intimados a depor pela Polícia Federal no processo que investiga a ligação de Lula com um sítio na cidade de Atibaia. Dois sócios de Lulinha que aparecem como proprietários do sítio em Atibaia, Fernando Bittar e Jonas Suassuna, também foram intimados.

A PF entrou em contato com a defesa de Marisa Letícia e Fábio Luís na última quinta-feira, mas não obteve retorno. O advogado de Jonas Suassuna afirmou que conversaria com seu cliente em relação à intimação. O depoimento de Fernando Bittar já foi marcado.

A PF também pediu a seus peridos a análise do patrimônio de Lulinha, Fernando Bittar, Jonas Suassuna e de outro filho de Lula, Luís Cláudio. A Polícia Federal questiona se há compatibilidade na movimentação financeira e na evolução patrimonial dos investigados com seus rendimentos declarados.

O delegado Marcio Adriano Anselmo solicitou ainda um exame para descobrir se Bittar e Suassuna possuíam lastro patrimonial para a aquisição e reformas do sítio em Atibaia. O terreno do imóvel é dividido em duas propriedades, uma em nome de cada um.

Em relação à Lulinha e Luís Cláudio, a Polícia Federal pediu uma análise que apure se os filhos do ex-presidente possuem registros do pagamento de aluguel de dois imóveis. Em relação à Lulinha, o imóvel investigado é um apartamento na zona sul de São Paulo. O imóvel está registrado em nome de Jonas Suassuna, sócio de Lulinha. Suassuna é sócio de Fábio Luís na BR4 Participações, enquanto Fernando Bittar é sócio de Lulinha na G4 Entretenimento.

Outros depoimentos realizados no âmbito da investigação também foram anexados ao processo. Entre eles, está o de Celso Silva Vieira Prado, que trabalha com a família Bittar há mais de 20 anos. Fernando Bittar é filho de Jacó Bittar, um dos fundadores do PT. Prado afirmou em depoimento que faz visitas constantes às propriedades da família, mas não conhecia o sítio registrado em nome de Fernando Bittar na cidade de Atibaia e que, apesar das visitas rotineiras às propriedades da família, suas visitas não incluíam o sítio de Atibaia.

Em depoimento prestado em março à PF, Rogério Pimentel, ex-assessor da Presidência, confirmou ter pegado envelopes com dinheiro das mãos do engenheiro Frederico Barbosa, por duas vezes, para pagar materiais de construção usados na obra do sítio, mas afirmou não saber que ele era funcionário da Odebrecht.

Pimentel confirmou ter recebido um pedido de dona Marisa para acompanhar o andamento das obras do sítio de Atibaia, mas disse que nunca ouviu alguém dizer que a propriedade era da família Lula. Para ele, o sítio era de Bittar, e o interesse de Marisa era vinculado à necessidade de ter onde guardar os presentes que Lula ganhou enquanto presidente.

Já Paulo Marcelino Coelho, motorista que transportou, em janeiro de 2016, objetos de Lula de um depósito da empresa Granero para um galpão do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo, afirmou que estranhou o fato da marca da transportadora ter sido retirada das caixas. (*Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire)

 

O globo, n. 30318, 09/08/2016. País, p. 5