O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu encaminhar, na noite de ontem, todas as investigações envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara federal de Curitiba. No mesmo despacho, ele também determinou a anulação dos áudios interceptados pelo juiz federal Sérgio Moro, à frente dos processos relativos ao esquema bilionário de corrupção na Petrobras, envolvendo Lula e a presidente afastada Dilma Rousseff.
A petista foi captada em uma conversa com o ex-presidente em que o avisa sobre o envio de um documento. Tratava-se do termo de posse de Lula como ministro-chefe da Casa Civil. No entendimento dos investigadores, o diálogo revelaria uma tentativa de obstruir a Justiça a partir do foro privilegiado que a maior estrela petista teria direito ao ser nomeado. No trecho interceptado, Dilma fala para Lula utilizar o documento, se for preciso. A conversa era considerada a principal prova contra a presidente afastada.
Entre as investigações que devem voltar para Moro estão a que envolve se Lula é ou não dono de um sítio em Atibaia e de um tríplex em Guarujá, ambos na cidade de São Paulo.
Os procedimentos que envolvem Lula e Dilma Rousseff permanecem no Supremo Tribunal Federal porque a petista ainda detém foro privilegiado. Sobre as escutas, Teori Zvascki afirma que o juiz de Curitiba usurpou a competência do STF ao divulgar e fazer gravações de pessoas que detinham foro privilegiado. O ministro do Supremo também diz que a nulidade da prova colhida deve ser apenas das escutas telefônicas captadas após a decisão que determinou o encerramento da interceptação telefônica.
Conversa anulada 
Confira trecho do diálogo retirado da investigação pelo ministro Teori Zavascki
Dilma: “Alô.”
Lula: “Alô.”
Dilma: “Lula, deixa eu te falar uma coisa.”
Lula: “Fala, querida. Ahn?”
Dilma: “Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!”
Lula:  “Uhum. Tá bom, tá bom.”
Dilma: “Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.”
Lula: “Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando.”
Dilma: “Tá?!”
Lula: “Tá bom.”
Dilma: “Tchau.”
Lula: “Tchau, querida.”