MPF pede que Moro proíba Cláudia Cruz de sair país

Cleide Carvalho

16/08/2016

 

 

Defesa da mulher de Eduardo Cunha pediu devolução de passaporte Para o MPF, há risco “concreto de eventual fuga” e saque de contas secretas ainda não bloqueadas no exterior

O Ministério Público Federal (MPF) pediu ao juiz Sérgio Moro que proíba Cláudia Cruz, mulher do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de sair do país. A defesa de Cláudia havia pedido a devolução do passaporte, que foi entregue espontaneamente por ela. Os procuradores argumentam que há risco de fuga, pois Cláudia é acusada de manter conta não declarada na Suíça, onde foram depositados valores de origem ilícita, e também pode ter outras contas fora do país.

“Não obstante a conta Kopek estar bloqueada desde 07/04/ 2015, existe real possibilidade de Cláudia Cordeiro Cruz e/ou seus familiares manterem outras contas bancárias no exterior, havendo risco concreto de eventual fuga e utilização de ativos secretos ainda não bloqueados, caso o passaporte seja devolvido. Com efeito, a ocultação de patrimônio e a manutenção não declarada de contas no exterior constitui causa para decretação da medida cautelar da prisão preventiva”, afirmou o MPF em documento enviado ao juiz.

A defesa de Cláudia Cruz não foi localizada para comentar o pedido dos procuradores.

 

SEM ENDEREÇO CONHECIDO

Nas últimas semanas, a Justiça teve dificuldade para encontrar um endereço correto de Cláudia Cruz, para que ela se manifestasse sobre as denúncias que enfrenta na Lava- Jato. Moro chegou a determinar que os advogados de defesa respondessem de imediato sobre o endereço onde ela pudesse ser localizada. “Há dificuldades para intimação pessoal da acusada Cláudia Cordeiro Cruz. O endereço disponível nos autos informado pela defesa era o endereço da Presidência da Câmara, não mais ocupada pelo marido da acusada”, escreveu o magistrado.

Cláudia Cruz responde a ação penal na 13ª Vara Federal de Curitiba por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O Ministério Público afirma que ela foi beneficiada com dinheiro de propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido. O deputado Eduardo Cunha já havia negado, por meio de nota, que a conta tenha sido abastecida com recursos ilícitos. Segundo ele, as contas estão “dentro das normas da legislação brasileira”.

Ao apresentar a denúncia, o MPF afirmou que a mulher de Cunha tinha consciência da origem do dinheiro, pois os gastos eram incompatíveis com a renda do deputado. Lembrou ainda que a conta na Suíça serviu para pagar despesas de cartões de crédito no exterior, que somaram mais de R$ 1 milhão entre 2008 e 2014.

As denúncias na Justiça não têm alterado a rotina da jornalista. Cláudia tem mantido postagens em suas redes sociais, inclusive sobre horóscopo em sua página no Facebook, que deixa fechada ao público. Também comenta nas fotos publicadas pela família.

A academia, porém, mudou. A jornalista tem feito exercícios físicos em Brasília (DF). Ela costumava praticar musculação e fazer aulas coletivas, como ginástica, num estabelecimento do shopping da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde a mensalidade paga é de pouco mais de R$ 700.

Na capital federal, a mulher de Cunha também é vista em restaurantes caros.

 

 

O globo, n. 30325, 16/08/2016. País, p. 4.