Na largada, uma prévia das bandeiras
Fernanda Krakovics
16/08/2016
Primeiros eventos de campanha mostram o que aspirantes à prefeitura do Rio vão priorizar na campanha
Com prazo menor para a busca de votos e pouco dinheiro, candidatos à prefeitura do Rio começam oficialmente hoje a campanha com atividades de rua que pretendem reforçar marcas pessoais, como experiência de gestão pública ou combate às milícias, também apostando em temas como Saúde, Segurança e direitos das mulheres.
Alguns vão mirar em adversários e escolheram a dedo agendas com esse mote. O alvo de sete concorrentes é o candidato do PMDB, deputado federal Pedro Paulo. Por isso, criticarão a administração de Eduardo Paes, que o peemedebista quer dar continuidade. Pedro Paulo ainda sofrerá ataques pessoais, que vão explorar a acusação de que agrediu sua ex-mulher, mesmo com o pedido de arquivamento do caso feito pela Procuradoria-Geral da República.
Em paralelo, os candidatos do PSOL, Marcelo Freixo; do PCdoB, Jandira Feghali; e da Rede, Alessandro Molon, que disputam o mesmo eleitorado, travarão uma disputa particular. A preocupação deles é largar na frente e não errar, já que a campanha será muito curta. Apostam no voto útil do eleitor de esquerda para levar o que estiver na dianteira, entre os três, ao segundo turno. Freixo, Molon e Jandira argumentam que a “direita” também está dividida:
— A campanha será curta e está pulverizada, então, se a gente começar bem ... A gente acredita muito no voto útil — disse Freixo. Pela primeira vez sem financiamento empresarial e com o tempo de campanha reduzido de 90 para 45 dias, os candidatos apostam em criatividade e “sola de sapato”. — Vai ser uma campanha sem dinheiro. A nossa vai ser extremamente criativa. O tripé vai ser a rua, com redes sociais e o programa de TV — disse o candidato tucano, deputado Carlos Osorio.
Também registraram candidatura Carmen Migueles (Novo) e Cyro Garcia (PSTU)
PEDRO PAULO
GESTÃO
Apresentado como “primeiro-ministro” da atual administração, o candidato do PMDB faz caminhada em Madureira ao lado de seu principal cabo eleitoral, o prefeito Eduardo Paes. Antes irá à missa na Igreja da Penha, com a família, a qual tem exposto para tentar atenuar desgaste da acusação de agressão à ex-mulher.
MARCELO CRIVELLA
SAÚDE
O candidato do PRB escolheu como primeira atividade de campanha uma visita ao hospital Albert Schweitzer, na Zona Oeste, que foi municipalizado no ano passado em meio à crise na rede estadual de Saúde. Ele deverá aproveitar para atacar o candidato do PMDB, Pedro Paulo, que coordenou a municipalização.
MARCELO FREIXO
SEGURANÇA
O candidato do PSOL abre sua campanha com uma caminhada no calçadão de Campo Grande. Um dos objetivos é ressaltar sua atuação como presidente da CPI das Milícias, em 2008. Esse bairro era uma das áreas de atuação de milicianos investigados pela comissão parlamentar de inquérito da Assembleia Legislativa.
ALESSANDRO MOLON
SUSTENTABILIDADE
O candidato da Rede estará na Praia de Botafogo para apresentar compromissos com uma cidade sustentável. Adepto da “nova política”, ele tem sido um dos principais defensores, na Câmara, da cassação do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e esse tema dever ser explorado na campanha.
JANDIRA FEGHALI
DIREITO DAS MULHERES
Relatora da Lei Maria da Penha na Câmara dos Deputados, a candidata do PCdoB fará uma caminhada com mulheres em Campo Grande. Coligada com o PT, ela participa ainda de ato das centrais sindicais, na Praça Mauá, contra o governo interino de Michel Temer. A deputada tentará nacionalizar a campanha municipal.
CARLOS OSORIO
SANEAMENTO
O candidato do PSDB fará caminhada na Rocinha e pretende conversar com os moradores sobre saneamento. Ele tem criticado a atual administração municipal, da qual foi secretário de Conservação e de Transportes, por supostamente privilegiar grandes obras e deixar o atendimento à população em segundo plano.
INDIO DA COSTA
DESIGUALDADE SOCIAL
O candidato do PSD fará uma caminhada na Rocinha, onde pretende ressaltar a desigualdade social na cidade. Ele tem feito críticas às gestões municipal e estadual, ambas comandadas pelo PMDB, sobretudo à segurança pública. Um de seus motes tem sido “botar para funcionar o que não está funcionando”.
FLÁVIO BOLSONARO
SEGURANÇA
O candidato do PSC começará a campanha na Praça Saens Peña, na Tijuca (Zona Norte). Ele propõe que a prefeitura contribua com a segurança pública, uma atribuição do governo do estado, estabelecendo como prioridade da guarda municipal a prevenção à violência urbana, e não multas de trânsito.
O globo, n. 30325, 16/08/2016. País, p. 6.