Assessor de Feliciano diz que pagou a jornalista

14/08/2016

 

 

Patrícia Lélis, que acusa o deputado de tentativa de estupro, será indiciada.

-SÃO PAULO- O chefe de gabinete do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), Talma Bauer, confirmou ter dado dinheiro para a estudante de jornalismo Patrícia Lélis, de 22 anos, para que ela não levasse adiante a acusação de tentativa de estupro que faz contra o político. Ele prestou depoimento, sexta-feira à noite, no 3º Distrito Policial na capital paulista.

Na última quarta-feira, a polícia recebeu um vídeo que mostra a tentativa de Bauer de comprar o silêncio da jornalista. A imagem foi gravada no dia 30 de julho pelo assessor Emerson Biazon. Nela, os três conversam no hall do hotel onde Patrícia estava hospedada, em São Paulo. Eles acertam de que forma a estudante receberia R$ 50 mil do assessor de Feliciano. O valor teria sido entregue por Bauer a um homem chamado Arthur Mangabeira mas, segundo Biazon, o intermediário não repassou o dinheiro a Patrícia.

— Bauer confirma que entregou R$ 20 mil. Agora, vou juntar outras provas nos autos — adianta o delegado do caso Luís Roberto Hellmeister, que ainda ouvirá Mangabeira e um ex-namorado de Patrícia, identificado como Rodrigo, que estaria com ela no hotel.

Segundo o delegado, Bauer teria dado o dinheiro por ter sido vítima de extorsão:

— Ele estaria, como chefe de gabinete, preservando, verdade ou mentira, a imagem do deputado. Não vai ser processado nem indiciado.

Na semana passada, Hellmeister afirmou ao GLOBO ter material para provar que os crimes denunciados por Patrícia, de suposta ameaça, coação e cárcere privado contra Bauer não ocorreram. Os vídeos reunidos mostram que ela circulou pela cidade nos dias que antecederam a denúncia, desqualificando a acusação.

— Os tipos penais de ameaça, sequestro qualificado e coação caíram por terra. A investigação segue agora por outra linha. Vamos investigar se ocorreram crimes de extorsão e calúnia, e a Patrícia será indiciada — disse o delegado.

As investigações que vão verificar se houve crime de estupro seguem em Brasília, já que Feliciano tem foro privilegiado.