15/08/2016
A Polícia Civil de São Paulo quer ouvir novamente a jornalista e estudante de Direito Patrícia Lelis, de 22 anos, sobre a acusação de sequestro e cárcere privado que ela fez contra¨Talma Bauer, assessor parlamentar do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP). A informação foi confirmada ontem pelo delegado Luiz Roberto Hellmeister, titular do 3º Distrito Policial (DP), Santa Ifigênia, na capital paulista.
— A investigação quer ouvila novamente porque recebeu alguns documentos que precisam de esclarecimentos dela — afirmou Hellmeister, que no último sábado disse que irá indiciar Patrícia por denunciação caluniosa e extorsão.
Para o delegado, a jornalista “mentiu” ao acusar Bauer. Ela passou a ser investigada por suspeita de cobrar R$ 300 mil ao chefe de gabinete de Feliciano para gravar um vídeo, num hotel em São Paulo, desmentindo as acusações de tentativa de estupro, assédio sexual e agressão que fez contra o deputado.
Bauer informou à polícia ter pago R$ 20 mil para um amigo de Patrícia. O dinheiro foi apreendido.
— Ela mentiu sobre todas as acusações que fez contra o assessor do deputado e será indiciada — disse Hellmeister, que não disse quando pretende ouvir novamente a jornalista e indiciá-la: — Pode ser que o indiciamento seja feito quando ela for ouvida.
O delegado pretende usar carta precatória para enviar a Brasília, onde mora a jornalista, o interrogatório e o indiciamento de Patrícia. Neste caso, a polícia do Distrito Federal receberia a precatória para ouvir e, possivelmente, indiciar a jornalista na capital federal.
De acordo com Hellmeister, além da suspeita de denunciação caluniosa e extorsão, Patrícia é investigada por ameaça depois de aparecer numa gravação, obtida pela polícia, ordenando que Bauer matasse um amigo dela. O assessor, que também é policial civil aposentado, recusou-se a obedecer Patrícia. Se somadas, as penas dos crimes de denunciação caluniosa e extorsão podem variar de seis a 20 anos de prisão.
A jornalista e seu advogado não foram localizados ontem. Bauer também não foi encontrado para comentar o assunto.
ASSESSOR CHEGOU A SER PRESO
A investigação da polícia paulista passou a observar Patrícia após ela acusar Bauer de tê-la sequestrado, mantido em cárcere privado num hotel em São Paulo, a ameaçado e oferecido dinheiro para ela gravar o vídeo desmentindo as denúncias que fez contra Feliciano.
Nó dia 5, Patrícia registrou boletim de ocorrência no 3º DP contra Bauer, que chegou a ser preso e liberado após negar as acusações. De acordo com ele, foi a jornalista quem exigiu pagamento para que ela gravasse o vídeo.
— O caso teve uma reviravolta durante as investigações, que mudaram de foco. Ela (Patrícia) deixou de ser vítima para ser investigada — analisou Hellmeister. (Do G1).