Ex-presidente do STF critica nas redes o ‘impeachment tabajara’

Gilberto Amendola

01/09/2016

 

 

Decisão no Senado sobre fatiamento de votação movimenta a internet; Joaquim Barbosa ataca processo de afastamento.

Se alguém for contar o Dia D do impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff tendo o embate nas redes sociais como ponto de partida de certo que irá se valer dos bombásticos e internacionais tuítes do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa. “Eu não acompanhei nada desse patético espetáculo que foi o ‘impeachment tabajara’ de Dilma Rousseff. Não quis perder tempo”.

Barbosa, algoz de petistas no julgamento do mensalão, chamou o primeiro pronunciamento de Temer como presidente de patético: “Mais patética ainda foi a primeira entrevista do novo presidente do Brasil, Michel Temer. Explico. O homem parece acreditar piamente que terá o respeito e a estima dos brasileiros pelo fato de agora ser presidente. Engana-se”. Barbosa ainda tuitou em inglês e francês.

Apoiadores mais exaltados de Temer e favoráveis ao processo de impeachment chegaram a chamar Barbosa de traidor. Nas piores versões do embate virtual, alguns partiram para agressões pessoais e até racistas. O ex-presidente do STF também foi chamado, ironicamente, de “o mais novo petralha”.

Ironia não faltou na rede. O “tchau, querida” continuou forte na timeline de quem apoiou o impeachment. Já aqueles que foram contrários ao processo, voltaram a fazer piada com os poemas de Temer (principalmente depois de Dilma ter citado o poeta russo Vladimir Maiakovski em seu pronunciamento).

Imagens com Títulos de Eleitor rasgados também se espalharam na rede. O discurso sobre os “54 milhões de votos jogados fora” ganhou ainda mais força - e a narrativa do ‘golpe’ mostro que ainda tem fôlego para continuar nos trending topics por muito tempo.

Teve quem tentasse contemporizar. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, escreveu: “Agora é hora de virar a página, deixar as diferenças para trás e, de braços dados, reconstruir o país”. A manifestação de Skaf foi rechaçada por muitos tuiteiros - que escreveram coisas como “ele não quer pagar o pato que ele mesmo criou.

REPERCUSSÃO

Joaquim Barbosa

Ex-presidente do Supremo

“Eu não acompanhei nada desse patético espetáculo que foi o ‘impeachment tabajara’ de Dilma Rousseff. Não quis perder tempo”

Paulo Skaf

Presidente da Fiesp

“Agora é hora de virar a página, deixar as diferenças para trás e, de braços dados, reconstruir o país”

José Serra

Ministro das relações exteriores

“O @MichelTemer é o único daminha geração que chegou à Presidência da República. Que tenha boa sorte, pelo bem do Brasil”

Ronaldo Caiado

Senador (DEM-GO)

“A sociedade está como diz o ditado: “com a pulga atrás da orelha” com o governo Temer”

Evo Morales

Presidente da Bolivia

Condenamos el golpe parlamentario contra la democracia brasileña. Acompañamos aDilma, Lula y su pueblo en esta hora difícil. #FuerzaDilma

Alencar Burti

Presidente da Associação Comercial de São Paulo

“O impeachment foi omelhor para o Brasil. Nos aspectos legais, está claro: não houve golpe”

Ana Moser

Ex-jogadora de Vôlei

“Estamos em pleno rumo de mudança, com certeza. Mas mudança para o passado, para a volta ao não reconhecimento do potencial não desenvolvido do Brasil”

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Ex-ministro da Fazenda

“O impeachment era esperado, não muda as perspectivas da economia. A recessão irá gradualmente se enfraquecendo e no próximo ano teremos uma modesta recuperação”