Valor econômico, v. 17, n. 4122, 29/10/2016. Política, p. A5

Votos inválidos crescem no 2º turno

Por: Por Alessandra Bellotto e Tainara Machado

Por Alessandra Bellotto e Tainara Machado | De São Paulo

 

Dos cerca de 25,8 milhões de brasileiros que compareceram às urnas ontem, 14,3% optaram por invalidar o voto. Pela primeira vez desde pelo menos as eleições de 2000, o índice de votos em branco e nulos cresceu em relação à primeira etapa. A alta foi de 6% ante o percentual registrado em 2 de outubro, de 13,5%. Quando se leva em conta os segundos turnos, trata-se ainda do maior percentual de votos em branco e nulos desde 2000. Na comparação com a segunda etapa de 2012, quando o percentual de votos em branco e nulos foi de 9,2%, o crescimento é de 55,4%.

No Rio, apontado pelas pesquisas como a capital com a maior intenção de votos em branco e nulos ao lado de Belo Horizonte, dos cerca de 3,5 milhões de eleitores que compareceram às urnas neste domingo, 719,3 mil (20,1%) optaram por invalidar o voto. Esse número é maior do que os 536,4 mil votos de diferença registrada entre os candidatos Marcelo Crivella (PRB), eleito com 59,37% dos votos, e Marcelo Freixo (Psol), com 40,63%.

O percentual de 20,1% de votos em branco e nulos representa ainda um aumento de cerca de 10% em relação aos 18,3% verificados no primeiro turno. Não houve segundo turno no Rio em 2012.

Na capital mineira, os votos em branco e nulos foram a opção de 20,4% dos 1,5 milhão de eleitores que foram às urnas ontem - maior percentual registrado entre as capitais. Na comparação com o primeiro turno, contudo, houve queda de cerca de 1 ponto percentual. Foram 303,026 mil os votos inválidos, pouco menos da metade do total recebido por Alexandre Kalil (PHS), eleito prefeito de Belo Horizonte com 627,9 mil votos válidos (52,98%) na disputa contra João Leite (PSDB), com 47,02%.

Na capital gaúcha, onde assim como Belo Horizonte houve campanha pelo voto nulo tanto por partidos como por eleitores, o índice de votos em branco e nulos superou os 19%, com aumento de 19,5% em relação ao primeiro turno. Não houve segundo turno em Porto Alegre nas eleições de 2012.

Em Curitiba, capital paranaense, os votos nulos e em branco também aumentaram. No segundo turno da disputa entre Rafael Greca (PMN), eleito com 53,25% dos votos, e Ney Leveprost (PSD), 15,8% dos pouco mais de 1 milhão de eleitores que compareceram às urnas invalidaram o voto, uma alta de 14,5% em relação ao primeiro turno (13,8%). Na comparação com o segundo turno das eleições de 2012 (6,63%), o índice de votos em branco e nulos mais do que dobrou.

Entre as demais capitais com mais de 1 milhão de eleitores aptos a votar, Fortaleza (CE) registrou 8,02% de votos em branco e nulos. O índice representa queda na comparação com o primeiro turno e com a segunda etapa das eleições de 2012, cujos votos inválidos alcançaram 8,4% e 8,7%, respectivamente.

Em Manaus (AM), 8,6% do eleitorado votou nulo e em branco, também com queda de 12,2% em relação ao índice de 9,8% registrado na primeira etapa. Na comparação com o segundo turno das eleições de 2012, contudo, houve aumento de 65,7% nos votos em branco e nulos. Na capital pernambucana, o percentual de votos inválidos caiu cerca de 6% em relação ao primeiro turno, para 11,33%. Não houve segundo turno em Recife nas eleições de 2012.

Na contramão do restante do Brasil, em Porto Velho houve forte queda dos votos em branco e nulos. Na capital de Rondônia, apenas 6,9% dos eleitores que compareceram às urnas não escolheram um candidato, queda de 61,8% em relação ao primeiro turno. Com discurso apolítico, o candidato vencedor, Hilton Chaves (PSDB), disparou na reta final e, depois de sair quase empatado do primeiro turno com Léo Moraes (PTB), venceu a disputa com 65% dos votos, conquistando boa parte dos que votaram em branco e nulo no primeiro turno.