Valor econômico, v. 17, n. 4121, 28/10/2016. Política, p. A5

PESQUISAS SUGEREM VITÓRIA DO PSDB, MAIOR FRAGMENTAÇÃO E RUÍNA DO PT

Por: Por Ricardo Mendonça

Por Ricardo Mendonça | De São Paulo

 

As últimas rodadas das pesquisas nas capitais sugerem que os resultados do segundo turno deverão confirmar o PSDB como o grande vencedor das eleições municipais de 2016, o PT como o maior derrotado e uma visível tendência de pulverização de partidos nas gestões municipais.

Se resultados das disputas locais servem de prenúncio de 2018, os destaques são o fortalecimento do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), cotado para ser candidato à Presidência, o enfraquecimento da esquerda, um aumento do protagonismo de evangélicos e um possível crescimento da presença de siglas nanicas nos parlamentos.

A vitória nacional do PSDB é inconteste, com a possibilidade real de começar 2017 com mais de 800 prefeitos pelo país, o que representaria um crescimento acima de 15% em relação a 2012.

A sigla que tem três nomes cotados para disputar a Presidência - o senador Aécio Neves (MG), Geraldo Alckmin e o chanceler José Serra, em ordem alfabética - venceu em 790 municípios no primeiro turno e disputa 19 agora.

Embora não tenham como alcançar o PMDB em prefeitos eleitos (o partido do presidente Michel Temer venceu em 1.029 cidades no primeiro turno e disputa outras 15 agora, um total ligeiramente superior ao de 2012), os tucanos comandarão as cidades mais populosas e com os orçamentos mais robustos.

Uma amostra dessa vantagem está no grupo das 92 maiores cidades, aquelas com mais de 200 mil eleitores. Nesse universo, o PSDB já elegeu 15 prefeitos e ainda disputa em outros 19 municípios. O PMDB venceu em 5 e agora disputa 15 (confira no gráfico).

Na queda de braço interna do PSDB, Alckmin ganha pontos por duas razões. Pelo triunfo de João Doria em São Paulo, o nome escolhido por ele contra a vontade de tucanos tradicionais, e pela dificuldade do tucano João Leite em Belo Horizonte, área de influência de Aécio. Nas últimas pesquisas, o ex-presidente do Atlético Alexandre Kalil, do pequeno PHS, apareceu numericamente à frente de Leite, o que poderá ser uma das raras derrotas relevantes do PSDB.

O avanço de Kalil também é significativo de outra característica marcante da eleição: a fragmentação de siglas com chances reais de vencer em cidades grandes.

Em 2012, os partidos pequenos ou nanicos (iguais ou menores que o PCdoB, que tem 11 deputados) disputavam segundo turno em 15 das maiores cidades e só haviam vencido no primeiro turno em uma. Agora, disputam em 25 e já conquistaram quatro.

Além de Belo Horizonte com o PHS, os casos que mais chamam a atenção nesse aspecto são os de Aracaju, com Edvaldo Nogueira (PCdoB); Belém, com Edmílson (Psol); Macapá, com Clécio Luís (Rede); e Vitória, com Luciano Rezende (PPS). Todos eles lideram ou aparecem numericamente à frente dos rivais.

Um pouco maior que o PCdoB, o PRB chega como favorito no Rio, a segunda maior prefeitura do país, com o bispo licenciado Marcelo Crivella, da Igreja Universal. E também disputa em São Gonçalo, o segundo maior município do Estado, com Dejorge Patrício, candidato que promete criar uma inusitada secretaria municipal de assuntos religiosos.

Com votação crescente em eleições proporcionais (para deputado e vereador), nomes muito identificados com denominações evangélicas jamais venceram eleições majoritárias em cidades com muita visibilidade. Nesse sentido, a vitória de Crivella no Rio representaria um marco eleitoral histórico.

Se ele perder, porém, o impacto novidadeiro não será muito menor. Seria, nesse caso, um triunfo inédito do pequeno Psol, que disputa com Marcelo Freixo.

Para o PT, sigla que venceu as últimas quatro eleições presidenciais, o pleito de 2016 deverá ficar marcado como o pior de sua história. Nas capitais, a sigla venceu apenas em Rio Branco.

O ex-prefeito petista João Paulo disputa segundo turno no Recife, mas com chances remotas. Confirmando o resultado, seria o pior desempenho do PT em capitais desde sua fundação, em 1980. Em 1985, na primeira disputa em capitais, o PT venceu em Fortaleza, que é maior e tem mais peso político que a capital do Acre.