José Bonifácio Borges de Andrada substitui Ela Wiecko, que deixou cargo após aparecer em vídeo de ato anti-impeachment.

O subprocurador-geral da República José Bonifácio Borges de Andrada será o novo vice-procurador- geral no lugar de Ela Wiecko, que deixou o cargo após divulgação de um vídeo em que ela aparece em manifestação contrária ao impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. A escolha foi feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a portaria deve ser publicada hoje no Diário Oficial da União.

Contemporâneo de Janot no início da carreira, Bonifácio foi advogado-geral da União durante o último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002, sucedendo Gilmar Mendes, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

O novo vice-procurador também foi advogado-geral de Minas, entre 2003 e 2010, quando o senador Aécio Neves (PSDB) era governador do Estado.

Segundo fontes da PGR, a escolha de Janot tem um componente político. Ao substituir Ela, que tinha uma posição mais à esquerda, por um nome ligado ao PSDB, Janot espera construir uma ponte com o novo governo do presidente Michel Temer.

Bonifácio também é um nome com bom trânsito entre os subprocuradores e com Gilmar Mendes, que tem feito reiteradas críticas à atuação da PGR na Operação Lava Jato.

Ela Wiecko deixou o cargo na semana passada depois de aparecer em um vídeo que circula na internet segurando uma faixa com a frase “Fora Temer” em um protesto que ocorreu em junho deste ano em Portugal.

É papel do vice assumir o comando a chefia do Ministério Público Federal durante as ausências do titular. Ele também poderá representar a instituição em julgamentos no STF e sessões do Conselho Nacional de Justiça. Bonifácio deve herdar ainda o comando da Operação Acrônimo, que tem como alvo o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT).

Bonifácio, de 59 anos, é natural do Rio de Janeiro, mas se formou em Direito pela PUC-MG. Ele foi nomeado para o cargo de procurador da República em outubro de 1984. Em 2009, foi promovido a subprocurador-geral da República.

Na PGR, já atuou em processos perante o Superior Tribunal de Justiça e, de 2014 a 2016, foi coordenador da 2.ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de matéria criminal.