Título: Vexame Nacional do Ensino Médio
Autor: Filizola, Paula; Leite, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 28/10/2011, Brasil, p. 8

Nas redes sociais, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) recebeu nota zero. A logomarca do exame ainda ganhou, em páginas do Facebook, uma tarja preta com a palavra vergonha. As manifestações partiram principalmente de estudantes que se afirmaram prejudicados com o vazamento de questões da prova deste ano. Em uma das páginas, uma rede de protestos está sendo articulada, com a apresentação de três objetivos: a saída do ministro, a reformulação da prova para o ano que vem e a definição dos pesos de cada questão.

Pelos menos dois protestos estão marcados para hoje no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre e em Santa Maria. Em um deles, que será realizado na Feira do Livro de Porto Alegre, os estudantes citam a presença da presidente Dilma Rousseff na abertura do evento oficial. Para todas as manifestações marcadas pela internet, que já contam com a adesão de estudantes de seis cidades, cerca de 7 mil pessoas confirmaram presença.

Os alvos das redes sociais recaíram não apenas sobre o Enem, mas também sobre o ministro da Educação, Fernando Haddad. A expressão "Fora Haddad" foi usada como motivação de protestos em manifestações no Twitter e deu nome a uma comunidade no Facebook. Em uma página do Facebook, Haddad é citado como "o ministro incompetente que desmoralizou o Enem".

A rede social de microblog Twitter também foi utilizada por alguns membros para fazer ataques contra nordestinos, como a frase: "Soltava uma bomba no Nordeste e matava quem antecipou a prova e todos os nordestinos".

O estudante de Fortaleza Caio Cipriano, que publicou, no Facebook, fotos de dois cadernos de prova do Christus, também foi alvo de comentários maldosos e chegou a deletar sua conta na rede. O irmão dele, Igor Cipriano, fez um comunicado aberto ao público: "Já vi inúmeros comentários maldosos, ameaças e julgamentos pejorativos a respeito de meu irmão, bem como aos alunos do Colégio Christus, que também não possuem culpa alguma. (...) Não é direito de ninguém julgar o Christus ou seus alunos (...) Isso é dever das autoridades competentes". Cerca de 30 pais de estudantes do colégio em Fortaleza reuniram-se, na manhã de ontem, com a coordenação de vestibular da escola para exigir acompanhamento psicológico as alunos e a preparação para a nova prova do Enem. (LL)