Título: Medidas são insuficientes
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Fonte: Correio Braziliense, 28/10/2011, Economia, p. 10

O secretário-geral da Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, acredita que o pacote acertado entre os líderes da União Europeia não será suficiente para solucionar a crise no bloco. "Essas medidas vão resolver apenas os problemas de curto prazo. Será necessário mais para garantir crescimento a longo prazo", sentenciou. Todavia, ele elogiou a iniciativa dos governos em buscar uma saída. "A Europa está caminhando, superando a fragmentação e se transformando em uma verdadeira União Europeia", afirmou o principal executivo da entidade sediada em Paris em breve passagem por Brasília.

"O pacote é bastante positivo e os mercados reagiram bem. Essas medidas irão resolver os problemas atuais, como as dívidas dos governos, a capitalização dos bancos e o risco de contágio da crise nos demais países do bloco. Mas o problema é que não existe mais capacidade de política monetária. É preciso usar as ferramentas atuais. O BCE (Banco Central Europeu) tem que reduzir as taxas de juros", destacou o economista mexicano a um pequeno grupo de jornalistas convidados para um café da manhã ontem.

Desafio O grande desafio da Europa em crise, na avaliação de Gurría, será a consolidação da UE e a retomada do crescimento da economia do bloco. "Fica a necessidade de os países investirem mais em infraestrutura, educação, inovação, políticas de incentivo à concorrência, pesquisas para o desenvolvimento, saúde e na flexibilidade dos mercados de trabalho e de produtos", afirmou. O secretário-geral da OCDE destacou ainda que as preocupações com a alta dos preços no momento devem ser menores do que com o crescimento.

"Inflação não será problema nos próximos seis meses, mas crescimento sim, será o maior deles", disse. Gurría avaliou que a crise atual é muito diferente das anteriores. Por isso, será necessário que mais seja feito. "Pela minha experiência de quase 45 anos de serviço público, esta é a mais complexa e desafiante situação. Todos os países estão com problemas, exceto os emergentes. Hoje, eles são as locomotivas da economia", completou. No entanto, diante da forte crise que abala a economia europeia, Gurría ainda tem confiança no euro, e, para ele, a moeda não está em risco.