PF indicia Pimentel e Odebrecht na Acrônimo

 

16/09/2016
Fábio Fabrini
Andreza Matais

 

A Polícia Federal indiciou o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e o empresário Marcelo Odebrecht por corrupção em esquema para liberar financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à empreiteira.

As conclusões do inquérito sobre o caso, investigado na Operação Acrônimo, serão enviadas à Procuradoria- Geral da República, que decidirá se oferece denúncia.

O indiciamento do governador, que tem foro, foi autorizado pelo ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ele foram imputados crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Marcelo Odebrecht, corrupção ativa.

Conforme as investigações, Pimentel recebeu vantagens indevidas para facilitar financiamentos do BNDES a projetos da Odebrecht em Moçambique e Argentina. De 2011 a 2014, Pimentel chefiou o Ministério do Desenvolvimento, pasta à qual o BNDES está subordinado. No período, o banco aprovou operações de US$ 738 milhões para a Odebrecht nos dois países.

Ontem, a PF desencadeou mais uma fase da Acrônimo, mas Pimentel não foi alvo.

 

Delator. Os investigadores apuraram que a Odebrecht pagou R$ 3 milhões em propina ao empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, apontado como operador de Pimentel. Em troca, o então ministro teria atuado para que a Câmara de Comércio Exterior (Camex), presidida por ele, aprovasse as operações do banco com a empreiteira.

O esquema foi revelado por Bené em delação premiada.

O advogado de Pimentel, Eugênio Pacceli, disse em nota que o indiciamento “é ato de convencimento da autoridade policial, e não tem qualquer outra consequência”.

Afirmou ainda que aguarda análise de “questões de ordem que demonstrarão as absolutas ilegalidades” da operação e da delação de Bené.

A Odebrecht não se manifestou.

A defesa de Bené não foi localizada. O BNDES informou que Pimentel, como ministro, presidiu o Conselho de Administração e que o colegiado não autoriza empréstimos.

 

‘Ilegal’. Defesa de Pimentel contesta a Operação Acrônimo e a delação premiada de um dos investigados

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Executivo da empreiteira é levado a depor

 

16/09/2016
Fábio Fabrini
Andreza Matais

 

 

A Polícia Federal deflagrou ontem a 8.ª fase da Operação Acrônimo, que investiga corrupção para liberar financiamentos do BNDES à Odebrecht e, em outra frente, pagamento de propina para fraudar licitações no Ministério da Saúde.

Segundo a PF, a Odebrecht pagou US$ 7,6 milhões à empresa de consultoria do ex-assessor da presidência do BNDES Álvaro Luiz Vereda de Oliveira. Ele teria atuado para liberar empréstimos a projetos da empreiteira no exterior. O executivo da Odebrecht João Carlos Mariz Nogueira, que assinou contratos com a DM, foi levado a depor.

Saúde. Também foram alvo da operação de ontem pessoas ligadas ao empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, delator da Operação Acrônimo.

Conforme a PF, a Gráfica Brasil, da família dele, obteve contrato fraudado da Saúde.

A Odebrecht não se pronunciou.

A DM e o BNDES negaram irregularidades. O Ministério da Saúde informou que foi instalada sindicância para analisar o caso da gráfica. / F.F. e A.M.

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Prefeito de MG é considerado foragido

 

16/09/2016
Mateus Coutinho
Leonardo Augusto

 

Elogiado pela mulher – deputada Raquel Muniz (PSD-MG) – na sessão da Câmara que votou pela aprovação do processo de impeachment de Dilma Rousseff em abril, o prefeito afastado de Montes Claros (MG), Ruy Muniz (PSB), virou foragido da Justiça, que decretou sua prisão na Operação Tolerância Zero, deflagrada ontem.

Muniz foi alvo de mais um mandado de prisão, o segundo somente neste ano. Desta vez, porém, os policiais não o encontraram.

O prefeito afastado é investigado por suspeita de beneficiar hospitais privados ligados a ele; de participar, com a mulher, de fraudes tributárias e previdenciárias e por estelionato, desvio de recursos de entidades beneficentes e de verbas públicas federais.

Muniz foi preso em 18 de abril, um dia após a votação do impeachment na Câmara em que sua mulher o elogiou e disse que “meu voto (no impeachment) é pra dizer que o Brasil tem jeito, o prefeito de Montes Claros mostra isso para to dos nós com sua gestão”. Ele foi solto em julho deste ano graças a uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e, em meio às investigações, lançou sua candidatura para tentar a reeleição.

Nesta quinta, a polícia prendeu o filho de Ruy Muniz, Ruy Gabriel Queiroz Muniz, um assessor e o diretor da Empresa Municipal de Serviços, Obras e Urbanização de Montes Claros.

Procurada, a assessoria da prefeitura de Montes Claros informou que não iria comentar o caso. A deputada Raquel Muniz não quis se pronunciar.

 

O Estado de São Paulo, n. 44894, 16/09/2016. Política, p. A7