Lula considera acusação ‘ilusionismo’

Francisco Carlos Assis

15/09/2016

 

 

EX-PRESIDENTE DENUNCIADO - Em rede social, ex-presidente critica ‘espetáculo deplorável’; defesa alega ‘perseguição’ e cobra ‘apresentação de provas de crimes imputados’.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em postagem em uma rede social, que a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) é um “truque de ilusionismo” e classificou a coletiva de imprensa dos procuradores da Operação da Lava Jato de “espetáculo deplorável”.

No Facebook, o petista disse repudiar a denúncia contra ele e sua mulher, Marisa Letícia. Para seus advogados, o desdobramento da força- tarefa revela “perseguição” para tentar tirá-lo do cenário político de 2018.

A equipe de advogados de Lula e dona Marisa convocaram entrevista coletiva ontem em São Paulo para repudiar “pública e veementemente” a denúncia dos procuradores de Curitiba.

O advogado Cristiano Zanin Martins, antes de responder às perguntas dos jornalistas, leu um documento no qual afirmou ser de uma “inconsistência cristalina” a petição apresentada pelos procuradores.

“O MPF elegeu Lula como maestro de uma organização criminosa, mas esqueceu do principal: a apresentação de provas dos crimes imputados”, disse Martins. “Não foi apresentado um único ato praticado por Lula, ao menos uma prova. Desde o início da Operação Lava Jato, houve uma devassa na vida do ex-presidente.

Nada encontraram.” Segundo Martins, a farsa “lulocêntrica” criada pela acusação ataca a inteligência do cidadão brasileiro. “A denúncia em si se perdeu em meio ao deplorável espetáculo de verborragia da manifestação da força-tarefa da Lava Jato”, afirmou.

Durante a entrevista coletiva, o advogado de Lula e dona Marisa disse também que a acusação é um “ataque de ilusionismo”, por tentar atribuir ao ex-presidente “propriedade de imóvel que não é dele”. Segundo o advogado, do ponto de vista jurídico, a denúncia oferecida não tem justa causa. “Se houvesse juízo, esta denúncia teria sido rejeitada”, disse Martins. O pedido ainda será analisado pelo juiz Sérgio Moro.

A defesa de Lula se concentrou em criticar a forma como o MPF apresentou a denúncia para a imprensa. Para os advogados, entre eles Roberto Batochio, Roberto Teixeira e Valesca Martins, a entrevista coletiva dos procuradores expôs o expresidente.

“O que ocorreu hoje foi um espetáculo incompatível com o Estado de direito”, disse Martins.

De acordo com ele, a coletiva do MPF “apresentou denúncia como uma condenação antecipada dos envolvidos” e se valeu de recursos públicos para alugar um espaço e equipamentos exclusivamente para expor a imagem e a reputação de Lula e dona Marisa a uma situação incompatível com a “dignidade da pessoa humana e a presunção da inocência”.

Martins afirmou também que Lula vem sendo prejulgado desde a deflagração da 24.ª fase da Lava Jato, em março, quando seu cliente foi levado para depor coercitivamente. “Diante deste histórico, há expectativa de que haja prevalência do direito e da razão”, disse. 

Propriedade. No Facebook, Lula afirmou que, desde 30 de janeiro de 2016, tornou públicos documentos que provam que ele “não é o dono de nenhum apartamento no Guarujá”. Em sua postagem, o ex-presidente disse que “esteve apenas uma vez no edifício”, quando sua família avaliava comprá-lo. Lula ressaltou que nunca foi proprietário do imóvel e disse que não dormiu “nem sequer uma noite no suposto apartamento” que a Lava Jato “desesperadamente” tenta lhe atribuir.