Título: Superavit sob risco
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 28/10/2011, Economia, p. 12

O governo está preocupado com as pressões por aumento de gastos que sofre de todos os lados, ao ponto de o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, advertir, ontem, que será difícil alcançar a meta de superavit primário (economia que o governo faz para pagar juros da dívida) para 2012, de R$ 96,9 bilhões, se tiver que atender a reivindicações como a dos servidores do Poder Judiciário, que pleiteiam aumento de 56% nos salários. "Sempre há no Congresso discussões que nos preocupam nesse momento de definição do Orçamento, principalmente de aumentos do Judiciário. A nossa programação orçamentária é ajustada com a estabilidade fiscal", alertou.

Para Augustin, as pressões políticas são "normais", mas o momento não é de expansão de despesas. "Já foram feitas reestruturações de carreiras e elas estão compatíveis com os salários", resumiu. O impacto previsto nas contas públicas com os aumentos já programados para 2012 é de R$ 7 bilhões.

Em setembro, o governo central economizou R$ 5,4 bilhões, contra R$ 2,5 bilhões de agosto. O Tesouro Nacional contribuiu com superavit de R$ 14,8 bilhões, enquanto a Previdência Social (GRPS) e o Banco Central apresentaram deficits de R$ 9,4 bilhões e R$ 68,2 milhões, respectivamente. De janeiro a setembro, o superavit do governo central foi de R$ 72,2 bilhões, superior em R$ 19,5 bilhões ao apurado no mesmo período de 2010.

Com esse resultado, o governo praticamente já garantiu a meta prevista para o ano, de R$ 91,8 bilhões. "Teremos primário forte também em outubro e em dezembro", disse o secretário. Para 2012, excluídas as pressões políticas, a "situação é de tranquilidade, em relação ao superavit primário", até porque não há previsão de novos apertos, como a inclusão de mais R$ 10 bilhões de 2011.

Arno Augustin informou ainda que, nas próximas semanas, o Tesouro Nacional vai emitir títulos da dívida pública no exterior, no que pode ser considerado como um teste de mercado, num momento de instabilidade financeira. O secretário não informou o valor da emissão. A última operação desse tipo foi feita em 7 de julho, quando o Tesouro captou US$ 500 bilhões.

Infraestrutura terá investimentos A presidente Dilma Rousseff determinou aos ministros que trabalhem para superar os gargalos que o país enfrenta em áreas como ferrovias, portos e rodovias. A informação foi dada ontem pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, em seminário promovido em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban). "Os investimentos em infraestrutura e logística são muito importantes para a continuidade do desenvolvimento do Brasil", disse Coutinho. "Não há nenhuma razão para que os investimentos nestes setores não alcancem uma expansão expressiva nos próximos anos", acrecentou.