Dólar cai 0,73%, a R$ 3,21
01/07/2016
O dólar caiu ontem ao menor nível desde 21 de julho de 2015: R$ 3,213. O recuo de 0,73% foi o terceiro consecutivo. Com o resultado, houve baixa acumulada de 11,09% em junho, a maior queda mensal desde abril de 2003, quando cedeu 13,15%. Uma declaração do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que cabe ao Banco Central a estratégia para a convergência da inflação à meta em 2017 foi interpretada pelo mercado como um sinal de que a taxa básica de juros se manterá em 14,25% por um período maior, atraindo mais capital estrangeiro para o país.
Ideia reforçada pelo cenário externo, onde a percepção é de liquidez elevada e possíveis estímulos monetários, em resposta ao Brexit, que podem ajudar na entrada de recursos em países emergentes, como o Brasil. Hoje, o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Mark Carney, realimentou essa aposta ao declarar que poderá haver “algum relaxamento monetário” em agosto.
Na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), a influência do mercado internacional foi grande, subiu pelo terceiro pregão consecutivo. Com elevação de 1,03%, encerrou o pregão aos 51.526 pontos. Com o resultado, o Ibovespa — principal índice da bolsa paulista — acumulou alta de 6,30% em junho e de 18,87% no primeiro semestre de 2016. Em 12 meses, no entanto, o índice ainda registra perdas de 2,93%.
Em um dia de escassez de notícias de grande relevância, a alta das bolsas de valores no Brasil e no exterior foi determinada principalmente pelas declarações de Carney. “Os mercados passaram a considerar um corte de juros a partir das declarações do BoE, e isso levou as bolsas a acelerarem ganhos na Europa e nos Estados Unidos. Esse foi fundamentalmente o motivo da alta nos mercados de ações”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa Institucional da corretora Renascença. Em Nova York, o Dow Jones encerrou o pregão com alta de 1,33%, enquanto que a Nasdaq, também positiva em 1,33%.
Petróleo
Apesar da melhora do humor no mercado externo, os preços do petróleo seguiram em queda, em meio a preocupações com a oferta da commodity. Com isso, as ações da Petrobras operaram em queda durante todo o dia, o que limitou bastante a alta do Ibovespa. No fim do pregão, Petrobras ON teve queda de 0,52%, enquanto Petrobras PN recuou 0,84%. Na ponta contrária, a alta de 1,5% do minério de ferro no mercado chinês apoiou as altas das ações da Vale, que avançaram 3,56% (ON) e 1,24% (PNA) no dia.
A expectativa de que a meta de inflação poderia ser reduzida para 2018 pelo Conselho Monetário Nacional — o que não ocorreu — os juros futuros de curto prazo mantiveram o sinal de alta, enquanto os longos encerraram em queda. Ao término da negociação regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2017 encerrou com taxa de 13,925%, ante 13,885% no ajuste do dia anterior; já o DI janeiro de 2018 subiu de 12,82% para 12,88%; e o janeiro de 2019 ficou quase estável, em 12,41%, de 12,40%. Nos longos, houve uma pressão de alta pela manhã, mas que se dissipou à tarde. O mercado reagiu negativamente ao “pacote de bondades” do governo Temer de cerca de R$ 125 bilhões em gastos e renúncias fiscais.
Alívio na Petrobras
A Petrobras ganhou fôlego para ultrapassar a crise financeira com a queda do dólar frente ao real nos últimos dias. Pelas contas da consultoria Economática, a dívida da estatal fechou o segundo trimestre R$ 31,9 bilhões menor que a de março. Como a maior parte do financiamento é paga em dólar, toda vez que a moeda cai, a petroleira é favorecida. “A Petrobras não vai mais precisar vender os ativos de forma açodada”, afirmou o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie), Adriano Pires. Além de pesar sobre o endividamento, o dólar tem efeito sobre as despesas e a petroleira ainda ganha na importação de petróleo “A Petrobras não vai mais precisar vender os ativos de forma açodada”, afirmou o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie), Adriano Pires. Além de pesar sobre o endividamento, o dólar tem efeito sobre as despesas e a petroleira ainda ganha na importação de petróleo e de combustíveis.
Correio braziliense, n. 19394, 01/07/2016. Economia, p. 8