Valor econômico, v. 17, n. 4095, 21/09/2016. Política, p. A7

Depois de polêmica, governo troca comando da Funai

Por: Bruno Peres

 

O Ministério da Justiça anunciou em portaria publicada ontem no Diário Oficial da União a troca na presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai). Agostinho do Nascimento Netto assume o comando da Funai em substituição a Artur Nobre Mendes. O novo presidente atuava até então como assessor especial de Participação Social do Ministério da Justiça e Cidadania.

A mudança no comando da Funai ocorre poucos dias após o órgão divulgar carta aberta com duras críticas à organização da Paralimpíada do Rio de Janeiro.

Na sexta-feira, a Funai disse lamentar que a organização o evento esportivo promovesse o que classificou como ofensa e desrespeito aos povos indígenas, ao se referir a "infanticídio ou homicídio, abuso sexual, estupro individual ou coletivo, escravidão, tortura, abandono de vulneráveis e violência doméstica" como "práticas tradicionais" indígenas.

A referência ocorreu em apresentação feita pelo comitê organizador sobre o revezamento da tocha paralímpica. "A Funai entende que tal posicionamento revela uma total incompreensão sobre a realidade indígena no país, refletindo uma visão preconceituosa e discriminatória sobre esses povos, suas culturas e seus modos de vida", disse o comunicado ao se posicionar contrariamente à manifestação do Comitê Rio 2016.

Procurado, o Ministério da Justiça informou que a nomeação já estava prevista anteriormente. Procurador da Fazenda Nacional, Agostinho já vinha atuando, ainda no cargo de assessor especial do ministério, em debates relacionados à causa indígena.

Na quinta-feira o agora presidente da Funai esteve no Mato Grosso do Sul com representantes do governo local para tratar de conflitos na região. Na ocasião, Agostinho disse a representantes do governo local que a União tenta estruturar uma solução para o conflito na região que possa ser reproduzido em outras localidades com conflitos semelhantes.

Procurado para comentar as críticas feitas pela Funai, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 não respondeu ao contato.