Título: FMI vê bolha chinesa
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Fonte: Correio Braziliense, 16/11/2011, Economia, p. 11

Para Fundo Monetário, bancos do país podem sofrer com calote

Em franco crescimento econômico, a China está com o seu sistema financeiro exposto ao risco de levar um calote. No primeiro informe dedicado à avaliação dos bancos da segunda maior economia mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem que eles estão vulneráveis aos riscos da explosão do crédito não regulado e da queda dos preços no setor imobiliário, o que pode levar a calotes.

Para o Fundo, o grande número de empréstimos desde o estouro da crise de 2008 provocou o endividamento de empresas e governos locais, que podem não conseguir honrar suas dívidas se a desaceleração do crescimento e a redução dos valores dos imóveis prosseguirem.

Na análise do FMI, para conter os perigos, a China deve liberar os mercados financeiros para dar aos investidores, aos bancos comerciais e ao Banco Central maior autonomia em relação ao controle do governo, que coloca empecilhos à aplicação de mecanismos de boa governança no país.

Embora não tenha previsto uma catástrofe, o Fundo deixou claro que a China precisa agir rapidamente. "A configuração existente de políticas financeiras promove poupança elevada, níveis estruturalmente altos de liquidez e um alto risco de má alocação de capital e bolhas de ativos, particularmente no setor imobiliário", disse Jonathan Fiechter, vice-diretor de Mercados de Capitais e Monetários do FMI.

Recomendações

O Fundo produziu um relatório com 29 recomendações para melhorar o sistema financeiro da China, uma das 25 economias de importância sistêmica que concordaram em passar por avaliações obrigatórias ao menos uma vez a cada cinco anos. A partir de um teste de estresse em 17 bancos, que respondem por 83% do sistema bancário comercial do país, o Fundo descobriu que o quociente de empréstimos ruins aumentou em pelo menos um ponto percentual para cada queda dessa mesma magnitude no Produto Interno Bruto (PIB). O organismo multilateral também ressaltou que o pior cenário imaginado para a economia chinesa pressupõe um crescimento anual de 4%, menos que a metade dos 9,1% registrados no terceiro trimestre.

Diante dos resultados, o FMI convocou as autoridades a permitir que os bancos emprestem com base em critérios comerciais e não políticos. No entanto, a resposta do governo chinês sugere que as autoridades não têm pressa para acatar os conselhos. "O relatório contém vários pontos de vista que não são suficientemente abrangentes e objetivos", justificou, em nota, o Banco Central.

Estímulos nos EUA

As vendas no varejo dos Estados Unidos aumentaram 0,5% em outubro, após subirem 1,1% no mês anterior. O resultado ficou acima das expectativas dos economistas, que previam 0,3%. Já o índice de preços ao produtor (PPI) caiu 0,3% no mês passado , depois do 0,8% de setembro, o que apontou para reduções nas pressões inflacionárias. Apesar do resultado do comércio e do "animador" crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, de 2,5%, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) informou que, se o nível de desemprego permanecer elevado, a inflação estiver muito baixa e o crescimento do país, moderado, novos estímulos à economia podem ser necessários.